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Devastação afeta qualidade de vida
da Reportagem Local
A redução de mata atlântica ao
longo das últimas décadas já está
interferindo na qualidade de vida
de milhões de brasileiros.
A tendência atual, com maior
ênfase em áreas particulares, é o
corte da mata para fazer campos
de pastagem. Mas, em muitos locais, principalmente em regiões
próximas a grandes centros urbanos, há desmatamento para ocupação humana, em assentamentos
muitas vezes irregulares.
Esse é o caso da ocupação nos
entornos da represa de Guarapiranga (na zona sul da cidade de
São Paulo), onde hoje vivem mais
de 500 mil pessoas.
A região começou a ser invadida
no final dos anos 60. Até então,
eram poucas famílias, principalmente de imigrantes nordestinos,
que se instalavam em favelas às
margens da represa.
Na década seguinte, o processo
de urbanização se acelerou rapidamente. O governo, no entanto,
não conseguiu acompanhar esse
processo e não ofereceu a infra-estrutura necessária para os novos
moradores da região.
A consequência é visível a qualquer pessoa que visite a região.
Apesar dos esforços do governo
estadual, que está investindo em
saneamento básico no local, o esgoto é despejado diretamente na
represa, responsável pelo abastecimento de água para 6 milhões de
pessoas na região metropolitana
de São Paulo. Por isso, o Estado
gasta mais para tratar a água
-que, mesmo com aditivos químicos, não apresenta a mesma
qualidade de 20 anos atrás.
Outro efeito da devastação (a
longo prazo) é o comprometimento da biodiversidade da mata
atlântica. A área remanescente,
que se tornou patrimônio nacional a partir da Constituição de
1988, concentra 171 das 202 espécies de animais ameaçados de extinção no Brasil, segundo levantamento do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A região também reúne nascentes de centenas de rios que abastecem grandes cidades brasileiras e
concentra cerca de 10 mil espécies
de plantas endêmicas (encontradas apenas na mata atlântica).
O presidente do Ibama, Eduardo
Martins, que participou ontem do
evento de divulgação dos dados do
novo levantamento na sede do Inpe, em São José dos Campos, diz
que ainda este ano cerca de 75 mil
hectares de floresta de mata atlântica serão transformados em unidades de conservação ambiental.
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