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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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AMBIENTE

Vazamento de substâncias cancerígenas foi consequência de incêndio ocorrido no Curtume Carioca, na última sexta-feira

Produtos tóxicos poluem praias do Rio

FABIANA CIMIERI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Análises preliminares da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) apontam concentração elevada de cianetos e fenóis nas praias da Ilha do Governador e em parte da baía de Guanabara, provenientes do vazamento de produtos químicos tóxicos causado por incêndio no antigo Curtume Carioca, na sexta-feira, na Penha (zona norte).
Cianetos e fenóis são substâncias cancerígenas e, em alta concentração, podem levar à morte.
As praias de Ramos, do Fundão, do Galeão e Tupiacanga (todas na zona norte) estão proibidas para o banho e para a pesca. Técnicos da Feema sobrevoaram ontem a região e disseram que a mancha se dissipou. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Airton Xerez, anteontem a mancha alcançava uma área de 100 mil metros quadrados.
O diretor de Planejamento da Feema, João Eustáquio Xavier, explicou que o rápido sumiço da mancha ocorreu porque o produto tóxico foi adsorvido (fixado) pelas moléculas de esgoto. O perigo, segundo ele, é que essas substâncias podem estar no fundo do mar, misturadas ao lodo.
Os técnicos ainda não conseguiram identificar quais substâncias causaram a contaminação porque estão tendo dificuldade de separar a amostra dos produtos dos coliformes fecais. Para Xavier, o desastre só não foi pior porque os bombeiros e a Defesa Civil isolaram o galpão e construíram barreiras para que não houvesse vazamento de produtos tóxicos.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente informou que já contratou uma empresa para transportar os 40 mil litros de material tóxico que ainda estão no galpão. Eles serão incinerados. As despesas do Estado com o acidente serão cobradas dos responsáveis, segundo a secretaria.
O empresário Gildo Carvalho de Queiroz, que havia alugado o galpão, já foi multado pela prefeitura em R$ 450 mil, por acondicionar material tóxico e por crime ambiental. No contrato de locação, afirmava que armazenaria materiais de construção. A secretaria definirá amanhã a multa, que pode ser de até R$ 50 milhões.
A contaminação das praias aconteceu porque o material tóxico se misturou à água usada para apagar o incêndio e caiu nas galerias de águas pluviais. Estas seguiram para os canais das ruas Conde de Agrolongo e Grussaí e desembocaram no rio Irajá, que deságua na baía de Guanabara.


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