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AMBIENTE
Vazamento de substâncias cancerígenas foi consequência de incêndio ocorrido no Curtume Carioca, na última sexta-feira
Produtos tóxicos poluem praias do Rio
FABIANA CIMIERI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Análises preliminares da Feema
(Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) apontam
concentração elevada de cianetos
e fenóis nas praias da Ilha do Governador e em parte da baía de
Guanabara, provenientes do vazamento de produtos químicos
tóxicos causado por incêndio no
antigo Curtume Carioca, na sexta-feira, na Penha (zona norte).
Cianetos e fenóis são substâncias cancerígenas e, em alta concentração, podem levar à morte.
As praias de Ramos, do Fundão,
do Galeão e Tupiacanga (todas na
zona norte) estão proibidas para o
banho e para a pesca. Técnicos da
Feema sobrevoaram ontem a região e disseram que a mancha se
dissipou. Segundo o secretário
municipal de Meio Ambiente,
Airton Xerez, anteontem a mancha alcançava uma área de 100 mil
metros quadrados.
O diretor de Planejamento da
Feema, João Eustáquio Xavier,
explicou que o rápido sumiço da
mancha ocorreu porque o produto tóxico foi adsorvido (fixado)
pelas moléculas de esgoto. O perigo, segundo ele, é que essas substâncias podem estar no fundo do
mar, misturadas ao lodo.
Os técnicos ainda não conseguiram identificar quais substâncias
causaram a contaminação porque
estão tendo dificuldade de separar a amostra dos produtos dos
coliformes fecais. Para Xavier, o
desastre só não foi pior porque os
bombeiros e a Defesa Civil isolaram o galpão e construíram barreiras para que não houvesse vazamento de produtos tóxicos.
A Secretaria Estadual de Meio
Ambiente informou que já contratou uma empresa para transportar os 40 mil litros de material
tóxico que ainda estão no galpão.
Eles serão incinerados. As despesas do Estado com o acidente serão cobradas dos responsáveis,
segundo a secretaria.
O empresário Gildo Carvalho
de Queiroz, que havia alugado o
galpão, já foi multado pela prefeitura em R$ 450 mil, por acondicionar material tóxico e por crime
ambiental. No contrato de locação, afirmava que armazenaria
materiais de construção. A secretaria definirá amanhã a multa,
que pode ser de até R$ 50 milhões.
A contaminação das praias
aconteceu porque o material tóxico se misturou à água usada para
apagar o incêndio e caiu nas galerias de águas pluviais. Estas seguiram para os canais das ruas Conde de Agrolongo e Grussaí e desembocaram no rio Irajá, que deságua na baía de Guanabara.
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