São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998 |
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"Minha mãe é portuguesa, branca, e
eu cresci em Curitiba. Na minha infância, minha casa era frequentada
por famílias brancas, porque as mulheres se davam. Mas as crianças,
não. Até hoje, não suporto o cheiro
de mexerica, porque lembro das loirinhas que frequentavam a minha
casa, descascando as frutas e fazendo caretas, me irritando. Hoje, se
entro em uma loja e sou mal atendida, saco o dinheiro e compro o que
quero. Às vezes me arrependo, mas não vou fazer queixa. A lei que saiu
está engavetada, ficou no papel."
"Eu estava em Morro de São Paulo
(BA), com uns amigos, negros. Entramos em um restaurante, e o dono
disse para a gente que a única mesa
vazia estava reservada. Circulamos
pelo local e logo a mesa foi ocupada
por um grupo de brancos. O que fizemos? Fomos para outro restaurante, mais caro, comemos mais e
bebemos mais. Não fiz queixa nenhuma. Em lojas, é frequente te tratarem como suspeito ou te ignorarem, achando que você não tem dinheiro. Normalmente, eu deixo passar. Dependendo do humor, armo
um barraco. Mas não iria à polícia." |
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