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Para 'boy', racismo acontece todo dia
da Reportagem Local
O office boy Gilberto Aparecido Ribeiro, 22, sorriu quando ouviu a pergunta se já havia
sido vítima de preconceito racial alguma vez na vida.
"Na vida? Esse negócio
acontece todo dia, várias vezes
por dia, cara."
Sem ter que parar para pensar, Ribeiro listou rapidamente
as diversas situações de discriminação que vieram à memória. "No banco, na minha rua,
em qualquer loja que eu entre,
na fila do ônibus, a caminho do
trabalho. Tá bom, já?"
Nunca pensou em ir à polícia
para prestar queixa. "Para
quê? Muitas vezes são os homens (policiais militares) que
te tratam mal só porque você é
preto."
Uma das vezes foi em um
ponto de ônibus. A fila, diz Ribeiro, era grande. Mas o policial que parou o carro de polícia do outro lado da rua veio
em sua direção.
"Ele me tirou da fila e passou
a maior revista, na frente de todo mundo. Eu não tinha feito
nada de errado, mas ele me humilhou grandão, mesmo assim", disse.
A outra vez foi em uma rua
no calçadão do centro de São
Paulo. "Eu estava indo para o
banco com uns documentos
do trabalho dentro de uma
pasta. Pronto. Já me pegaram e
passaram revista, bagunçaram
os documentos todos. Parece
até que é de propósito."
Nem em seu local mais frequente de trabalho, o banco,
Ribeiro está livre do preconceito, diz. A armadilha, agora, está nas portas giratórias instaladas na entrada das agências.
"Já aconteceu um montão
de vezes. Todo mundo vai entrando, vai entrando, chega na
sua vez, trava. Aí é aquele negócio de tirar tudo do bolso.
"Não tem mais uma moeda?
Uma chave?' E todo mundo
atrás, achando que você vai tirar é um trabucão do bolso. Só
falta pedir para você tirar a
roupa."
(RV)
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