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RACISMO CORDIAL 3
Entidade classifica 49 casos de repercussão de discriminação contra judeus no Brasil, em seis anos
SP tem 38 denúncias de anti-semitismo
da Reportagem Local
Os casos de repercussão de discriminação contra judeus no Brasil somaram 49 casos em seis anos,
entre 92 e 97, segundo o GPD
(Grupo de Pesquisa da Discriminação) da USP (Universidade de
São Paulo). São Paulo concentrou
a maioria (38) das ações preconceituosas.
A maior parte das discriminações (36,4%) foi provocada por
uma pessoa particular. As ofensas
ou violências por parte de gangues
somaram 11,4% das ocorrências.
A apologia à discriminação e
ofensas morais escritas -por
meio, por exemplo, de folhetos ou
tablóides- representaram 26,5%
dos casos.
"Os casos que acabam aparecendo são poucos porque há um
grande número de subnotificações", disse o sociólogo Tulio
Kahn, do GPD.
Atualmente, os grupos anti-semitas encontraram na Internet o
meio mais seguro de divulgação de
suas idéias, sem ser descobertos.
A particularidade dos grupos
anti-semitas e antinordestinos é
que aparentam ser bem estruturados. Seus sites são interligados e há
troca de informações.
O conteúdo dessas páginas será
alvo de uma representação que a
Comissão de Direitos Humanos
da Assembléia Legislativa de São
Paulo encaminhará amanhã à
Procuradoria Geral de Justiça do
Estado.
Segundo Kahn, a Internet reúne
várias características que facilitam
a divulgação das idéias neonazistas, sem que seus autores sejam
identificados com facilidade.
"Há dificuldade de controle dos
autores dos sites, o custo da página é baixo e atinge milhões de pessoas e o conteúdo do site pode ser
retirado rapidamente, em caso de
investigação. Há uma febre de sites anti-semitas e racistas na Internet", disse Kahn.
Representação
Contra esses sites, o coordenador do serviço SOS Racismo da
Comissão de Direitos Humanos
da Assembléia Legislativa de São
Paulo, deputado Renato Simões
(PT), entregará amanhã uma representação ao procurador-geral
de Justiça de São Paulo, Luís Antonio Marrey.
O dossiê de mais de cem páginas
contendo cópias dos sites discriminatórios pede a instauração de
inquérito para apurar a responsabilidade pela divulgação da
"Campanha pela expulsão dos
nordestinos de São Paulo" pela
"União Nacional Socialista por
São Paulo" e "Frente Nacional pela Ordem e Progresso", ambos de
São Paulo.
São listados ainda sites nacionalistas apontados pelo GPD. Um
deles é a "Internet Nacionalista"
"Não imagino o nazismo aplicado no Brasil, mas defendo que foi
a melhor opção na Europa", escreve Rodrigo, que se apresenta
como criador da página. O site veicula textos anti-semitas.
A página lista 51 sites latino-americanos e europeus que defendem idéias nacionalistas, racistas,
revisionistas, monarquistas e integralistas.
"A maioria desses sites estão interligados. Existem as "páginas de
mortalidade rápida', que são retiradas quando descobertas pelo
provedor, mas também existem os
sites com estrutura, provedor próprio, ou seja, indícios de uma organização empresarial, que pode
vender livros, vídeos etc, além de
divulgar as idéias racistas", afirmou Tulio Kahn.
(ANDRÉ LOZANO)
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