São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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Calvície pode ameaçar as mulheres

JAIRO BOUER
especial para a Folha

Qual o limite entre a queda normal de cabelos e o árduo caminho para a calvície? Essa dúvida atormenta, todos os anos, milhões de pessoas no mundo todo.
Cabelo sempre cai e essa é uma certeza absoluta. Todos os fios do couro cabeludo passam por um lento período de crescimento (que demora de quatro a seis anos), entram em uma fase de repouso e, depois, caem. É o ciclo natural de vida do cabelo. Uma queda de 50 a 100 fios por dia é normal.
Em algumas fases, essa queda pode ser intensificada por um período limitado de tempo -é o que os especialistas chamam de "eflúvio telógeno. A dermatologista Lilian Ota, consultora de beleza do UOL, explica que é como se houvesse uma coincidência entre o período de queda de vários folículos capilares. Processo semelhante a uma "muda" de pêlos em animais.
Difícil é segurar a angústia das pessoas que começam a ver seus cabelos caírem aos montes nas escovas e ralos. A dermatologista Dulce Regina Okazaki diz que, na prática, é necessário explicar pacientemente que esse é um processo natural, que pode demorar alguns meses para ser revertido.
No entanto, alguns fatores podem ajudar a precipitar um período de queda excessiva de fios: estresse emocional, infecção com febre, dieta exagerada, mudança súbita de peso, cirurgias, período de cansaço físico excessivo, alterações hormonais (gravidez, uso de pílula, período após o parto), distúrbios da glândula tireóide e uso de algumas medicações.
Dulce explica que, na maioria das vezes, não se encontra nenhum fator que justifique a queda. Quando existe alguma alteração, as mais comuns são a anemia (provocada por dietas ou alimentação inadequada) ou alterações hormonais.
Lilian afirma que, muitas vezes, a queda excessiva de fios está relacionada a problemas do próprio couro cabeludo, como a dermatite seborréica (caspa). Corrigir as alterações leva uma volta à normalidade do ciclo capilar.
A perda permanente de cabelos ou alopécia androgenética é provocada por uma combinação entre predisposição genética (herdada dos pais e dos avós) e ação dos hormônios androgênicos (masculinos) sobre o couro cabeludo. É o processo conhecido como calvície.
É importante lembrar que as mulheres também estão sujeitas à ação desses hormônios, principalmente após a menopausa, quando há uma queda dos níveis de hormônios femininos, produzidos pelos ovários. Existem dois padrões de calvície androgenética: o o masculino e o feminino.
Os homens manifestam o caminho para a calvície uma ou duas décadas antes das mulheres. As áreas mais comuns são a região frontal (testa) e o alto da cabeça. São as áreas em que estão os folículos capilares mais sensíveis à ação dos hormônios masculinos.
Esses hormônios se ligam a receptores dos folículos e acabam determinando a perda progressiva da sua função. Os folículos vão produzindo fios cada vez mais finos e transparentes, até que interrompem totalmente sua atividade.
A calvície masculina fica mais evidente em determinadas áreas do couro cabeludo (entradas e o alto da cabeça).
As mulheres apresentam a calvície, em geral, após a menopausa. Os hormônios masculinos ganham força e determinam a perda progressiva de fios. As mulheres têm uma perda mais difusa, seu cabelo fica mais ralo como um todo, mas com repercussão mais discreta do que nos homens .
O Women's HealthSource, publicação mensal da clínica Mayo, de maio de 98, traz números impressionantes. Segundo o periódico, uma em cada quatro americanas vai ter algum grau de alopécia androgenética. Cerca de 21 milhões de mulheres enfrentam esse problema hoje nos EUA. Mas elas parecem responder melhor aos tratamentos disponíveis (leia texto abaixo).
O padrão genético de calvície parece ser herdado tanto do lado materno quanto do paterno. A antiga máxima: "Olhe para seus pais e avós para saber como você será", parece continuar a valer.



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