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BARBÁRIE
PMs acusados de sequestro e morte de menino de 8 anos devem ir a júri; garoto foi sedado antes de ser morto
Promotor denuncia policiais do caso Ota
OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local
O Ministério Público denunciou
ontem os dois policiais militares e
o motoboy acusados de sequestrar
e matar o estudante Ives Yoshiaki
Ota, 8. O crime aconteceu no dia
29 de agosto, na Vila Carrão (zona
sudeste de São Paulo).
A denúncia do promotor Silvio
Hiroshi Oyama foi entregue ontem à 17ª Vara Criminal. O juiz deve receber a denúncia hoje e se
pronunciar até o final do dia se a
aceita ou não.
Os soldados da Polícia Militar
Paulo de Tarso Dantas, 32, e Sergio
Eduardo Pereira de Souza, 28, foram denunciados por sequestro
seguido de morte (artigo 159, parágrafo 3º do Código Penal), que
prevê pena de 24 a 30 anos de reclusão. Por a vítima ter menos de
14 anos, a pena pode ser acrescida
da metade.
Eles ainda foram denunciados
por ocultação de cadáver, que prevê pena de 1 a 3 anos de prisão.
O motoboy Adelino Donizete Esteves, anteriormente identificado
como Silvio da Costa Batista, além
do sequestro e ocultação de cadáver, foi denunciado por falsidade
ideológica e falsa identidade (leia
texto abaixo).
O promotor Oyama afirma que
baseou sua denúncia nos depoimentos prestados pelo motoboy, o
único dos denunciados que confessa o crime. Ele disse ter várias
outras provas, mas alegou sigilo
judicial para não divulgar quais.
O crime
Em sua denúncia, Oyama afirma
que o sequestro foi planejado por
Dantas, que trabalhava como segurança em uma das lojas do pai
de Ives, Massataka Ota.
Ives, segundo a denúncia, foi tirado de casa pelo motoboy, que,
na fuga, foi protegido por Dantas.
Ainda segundo a denúncia, a negociação com a família foi feita pelos dois PMs, que teriam tentado
extorquir US$ 800 mil.
Os denunciados, prossegue o
promotor, teriam decidido matar
Ives porque ele teria reconhecido
Dantas. Os dois tiros que mataram
o garoto, segundo a denúncia, foram disparados pelo motoboy.
Ives levou os tiros, já desacordado, dentro da cova que havia sido
cavada no quarto do motoboy.
"O denunciado Adelino ofereceu-lhe um copo de leite com Nescau contendo comprimidos do remédio Lexotan macerados. Entorpecido, o menino adormeceu", relata a denúncia. "Em seguida, cavou uma cova no quarto da moradia e lá colocou o pequeno Ives
ainda com vida. Na sequência,
com incomensurável crueldade,
efetuou dois disparos contra o rosto da indefesa vítima, matando-a."
Caso a denúncia seja aceita, os
denunciados serão julgados pela
Justiça comum. Mas eles não irão a
júri popular porque o sequestro é
considerado um crime contra o
patrimônio, e não contra a vida.
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