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São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2003

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POLÍCIA SOB SUSPEITA

Empresário seria parceiro do contrabandista Lobão

CPI quer ouvir político paraguaio

DA REPORTAGEM LOCAL

A CPI da Pirataria da Câmara dos Deputados pretende acionar o Parlamento paraguaio para tentar ouvir o empresário de cigarros e político Julio Osvaldo Dominguez Dibb, que perdeu a prévia que escolhera o candidato do Partido Colorado a presidente da República do Paraguai, apontado como o principal parceiro do contrabandista brasileiro Roberto Eleutério da Silva, o Lobão.
Escutas telefônicas feitas pela Procuradoria da República de Brasília mostram uma "estreita parceria" entre os dois, o que incluía discussões sobre qualidade da falsificação, preços, truques para driblar a fiscalização e troca de dicas para diversificarem seus empreendimentos. Nas conversas, o empresário paraguaio é chamado de "Dom Osvaldo".
Boa parte dos cigarros falsificados comercializados por Lobão no Brasil é fornecida por Dibb, segundo a CPI.
O próprio Lobão chegou a receber orçamento, no valor de R$ 4 milhões, referente a compra de equipamentos para uma fábrica de cigarros que montaria no Paraguai, segundo a Procuradoria. Escutas telefônicas também apontam que ele e o filho, Tomy, poderiam ser sócios de outra fábrica naquele país.
Segundo o presidente da CPI da Pirataria, deputado federal Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP), os deputados vão tentar um contato com o parlamento paraguaio para tomar o depoimento de Dibb. Medeiros disse que a Interpol (polícia internacional) também será informada sobre as investigações que envolvem o empresário paraguaio.
Pelo menos cinco empresas paraguaias estariam entre os fornecedores do esquema. No Brasil, a quadrilha de Lobão teria pelo menos três empresas na capital paulista -que coordenariam a distribuição das cargas e o esquema de notas frias- e duas filiais em Pernambuco e na Paraíba, além de outras duas distribuidoras de cigarros no Nordeste.
Há dois meses, a quadrilha diversificou sua atividade e abriu uma distribuidora de bebidas em Cândido Mota (interior de SP). Nas conversas, Dibb disse que pensava em seguir a idéia.
Dibb, Lobão e mais oito pessoas foram denunciados na semana passada pela Procuradoria da República. A CPI disse que vai pedir à Justiça brasileira que decrete a prisão do empresário paraguaio.
A juíza-corregedora do Dipo (departamento de inquéritos), Ivana David Boriero, e promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) devem ouvir hoje mais quatro policiais civis, que tiveram a prisão decretada na última sexta-feira. Eles fariam parte de uma rede criminosa, que teria transformado delegacias em "balcões de crimes", identificada a partir de grampos telefônicos da investigação que radiografou os negócios de Lobão no país.
Até agora, oito policiais foram presos por ordem do Dipo. Um continua sendo procurado pela Corregedoria da Polícia Civil: o delegado do 33º DP (Pirituba) Nelson de Camargo Rosa.
O Ministério Público deve denunciar até amanhã quatro desses nove policiais, por supostos crimes identificados no 10º DP (Penha) e 33º DP. (GILMAR PENTEADO E ALESSANDRO SILVA)


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