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POLÍCIA SOB SUSPEITA
Empresário seria parceiro do contrabandista Lobão
CPI quer ouvir político paraguaio
DA REPORTAGEM LOCAL
A CPI da Pirataria da Câmara
dos Deputados pretende acionar
o Parlamento paraguaio para tentar ouvir o empresário de cigarros
e político Julio Osvaldo Dominguez Dibb, que perdeu a prévia
que escolhera o candidato do Partido Colorado a presidente da República do Paraguai, apontado
como o principal parceiro do contrabandista brasileiro Roberto
Eleutério da Silva, o Lobão.
Escutas telefônicas feitas pela
Procuradoria da República de
Brasília mostram uma "estreita
parceria" entre os dois, o que incluía discussões sobre qualidade
da falsificação, preços, truques
para driblar a fiscalização e troca
de dicas para diversificarem seus
empreendimentos. Nas conversas, o empresário paraguaio é
chamado de "Dom Osvaldo".
Boa parte dos cigarros falsificados comercializados por Lobão
no Brasil é fornecida por Dibb, segundo a CPI.
O próprio Lobão chegou a receber orçamento, no valor de R$ 4
milhões, referente a compra de
equipamentos para uma fábrica
de cigarros que montaria no Paraguai, segundo a Procuradoria. Escutas telefônicas também apontam que ele e o filho, Tomy, poderiam ser sócios de outra fábrica
naquele país.
Segundo o presidente da CPI da
Pirataria, deputado federal Luiz
Antonio de Medeiros (PL-SP), os
deputados vão tentar um contato
com o parlamento paraguaio para
tomar o depoimento de Dibb.
Medeiros disse que a Interpol
(polícia internacional) também
será informada sobre as investigações que envolvem o empresário
paraguaio.
Pelo menos cinco empresas paraguaias estariam entre os fornecedores do esquema. No Brasil, a
quadrilha de Lobão teria pelo menos três empresas na capital paulista -que coordenariam a distribuição das cargas e o esquema de
notas frias- e duas filiais em Pernambuco e na Paraíba, além de
outras duas distribuidoras de cigarros no Nordeste.
Há dois meses, a quadrilha diversificou sua atividade e abriu
uma distribuidora de bebidas em
Cândido Mota (interior de SP).
Nas conversas, Dibb disse que
pensava em seguir a idéia.
Dibb, Lobão e mais oito pessoas
foram denunciados na semana
passada pela Procuradoria da República. A CPI disse que vai pedir
à Justiça brasileira que decrete a
prisão do empresário paraguaio.
A juíza-corregedora do Dipo
(departamento de inquéritos),
Ivana David Boriero, e promotores do Gaeco (Grupo de Atuação
Especial de Repressão ao Crime
Organizado) devem ouvir hoje
mais quatro policiais civis, que tiveram a prisão decretada na última sexta-feira. Eles fariam parte
de uma rede criminosa, que teria
transformado delegacias em "balcões de crimes", identificada a
partir de grampos telefônicos da
investigação que radiografou os
negócios de Lobão no país.
Até agora, oito policiais foram
presos por ordem do Dipo. Um
continua sendo procurado pela
Corregedoria da Polícia Civil: o
delegado do 33º DP (Pirituba)
Nelson de Camargo Rosa.
O Ministério Público deve denunciar até amanhã quatro desses
nove policiais, por supostos crimes identificados no 10º DP (Penha) e 33º DP.
(GILMAR PENTEADO E ALESSANDRO SILVA)
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