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Viação foi dividida ainda em 1998
DA REPORTAGEM LOCAL
As mudanças no controle da
Penha São Miguel remontam a
novembro de 1998. Foi quando os
12 sócios da empresa, capitaneados pelos empresários Carlos de
Abreu e José Vaz Ruas, decidiram
cindir a empresa em duas. Parte
da Penha São Miguel chama-se
hoje VIP -Viação Itaim Paulista
Ltda. Mesmo dividida, a empresa
fica em quarto lugar em faturamento mensal entre as empresas
de transporte público na cidade.
A mudança foi incentivada pela
São Paulo Transporte, estatal responsável por gerir o transporte
público na capital. A idéia partiu
de um dos principais executivos
da empresa, o assessor jurídico
Jorge Fukuda. "Sempre defendi a
cisão em empresas pequenas",
confirma o advogado.
Fukuda, no posto desde a gestão
de Luiza Erundina na prefeitura,
tornou-se nos últimos anos um
expert em direito societário. É um
expert em leis de fusão, cisão e incorporações de empresas. Também é grande conhecedor de mecanismos chamados de "defesa
patrimonial".
"Defesa patrimonial" é o nome
sofisticado que os advogados
usam para a criação de empresas
em paraísos fiscais no exterior. A
legislação desses paraísos esconde
os donos das empresas. Por isso,
são usados por devedores do governo para evitar que seu patrimônio seja tomado pela Justiça e
usado para pagar os débitos.
Em outubro do ano passado,
Fukuda fez um curso sobre a
montagem de empresas no Uruguai, no Caribe e na Suíça patrocinado pela consultoria internacional Bruno Bros. Estava acompanhado de Márcio Janjacome, advogado do grupo Ruas e seu sócio
numa criação de avestruzes.
As boas relações entre o consultor jurídico da SPTrans com o
grupo Ruas não param por aí. Há
três anos, Fukuda, já na SPTrans,
foi contratado pelos empresários
para ajudá-los numa concorrência de linhas de ônibus em Cuiabá, no Mato Grosso. "Ele foi contratado para fazer a parte técnica", diz Janjacome. Fukuda nega.
Embora seja um dos principais
incentivadores das mudanças societárias da empresa, Fukuda nega que soubesse da transferência
do controle da Penha São Miguel
para o Uruguai por causa do cargo que ocupa ou pelas relações
que mantém com o grupo Ruas.
"Fiquei sabendo agora."
O consultor jurídico da SPTrans
julga, porém, que a alteração societária em nada prejudica o município. "Não há risco financeiro
ou patrimonial para a SPTrans ou
para a prefeitura e o serviço continua sendo prestado", justifica.
Janjacome não sabe dizer que
efeitos teria a transferência para o
Uruguai além da proteção do patrimônio dos sócios. "Não sei qual
seria a outra vantagem."
A mudança deve ir parar, agora,
nas mãos do promotor Sílvio Antônio Marques, que investiga a
prestação de serviços das empresas de ônibus ao consumidor. "É
claro que a operação interessa ao
Ministério Público", afirma.
(FP)
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