São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2000

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OUTRO LADO
Grupo alega que foi feita operação normal de venda a investidores

DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Ruas nega que tenha apenas transferido o controle da Penha São Miguel para empresas uruguaias de sua propriedade. "Foi uma venda", diz Maurício Cunha, executivo responsável pela gestão da empresa que foi destacado pelo grupo para dar explicações à Folha.
"Fomos procurados por empresários de fora que queriam investir. Já tínhamos consultas do mercado financeiro e decidimos vender a empresa", afirma Cunha, que se recusou a indicar quais consultores tinha contratado.
Ele também não revelou quem são os atuais donos da empresa nem por quanto ela teria sido vendida. Chegou a dar três explicações diferentes para o sigilo.
"Não tenho de cabeça os valores" foi a primeira. A segunda foi "é um número que o pessoal pede para que a gente não divulgue". Por último, disse que já tinha sido pago "um pouco mais da metade". Apesar da confusão, garantiu que o pagamento foi feito. "Está registrado no Banco Central."
Ele disse que o grupo Ruas começou a negociar a Penha São Miguel com os estrangeiros quando foi lançada a megaconcorrência de R$ 15 bilhões para as linhas de ônibus de São Paulo.
"A concorrência no nosso caso era uma ameaça, para eles era uma oportunidade", diz Cunha. Segundo ele, o grupo Ruas vendeu a Penha São Miguel porque achou que não venceria a licitação. Mas Cunha não esclareceu porque o grupo continuou com 12 outras empresas em São Paulo.
Ele contou que os estrangeiros pararam de pagar pela empresa depois que a concorrência foi suspensa. "Eles estão desistindo do negócio." Segundo ele, a operação será desfeita em um mês e a empresa voltará ao grupo Ruas.
Ele contou que continua no comando da empresa por causa de um contrato de gestão firmado com os empresários estrangeiros.
Cunha se comprometeu a mostrar a documentação, mas seus advogados não responderam, como havia sido combinado, aos telefonemas da reportagem.
O consultor jurídico da SPTrans, Jorge Kengo Fukuda, disse à Folha que nenhuma das empresas de ônibus de São Paulo era de propriedade de empresas estrangeiras, inclusive uruguaias.
Confrontado com os documentos que comprovavam a transferência da posse da Penha São Miguel, Fukuda disse que tomou conhecimento da operação pela reportagem. (FP)



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