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OUTRO LADO
Grupo alega que foi feita operação normal de venda a investidores
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Ruas nega que tenha
apenas transferido o controle da
Penha São Miguel para empresas
uruguaias de sua propriedade.
"Foi uma venda", diz Maurício
Cunha, executivo responsável pela gestão da empresa que foi destacado pelo grupo para dar explicações à Folha.
"Fomos procurados por empresários de fora que queriam investir. Já tínhamos consultas do mercado financeiro e decidimos vender a empresa", afirma Cunha,
que se recusou a indicar quais
consultores tinha contratado.
Ele também não revelou quem
são os atuais donos da empresa
nem por quanto ela teria sido vendida. Chegou a dar três explicações diferentes para o sigilo.
"Não tenho de cabeça os valores" foi a primeira. A segunda foi
"é um número que o pessoal pede
para que a gente não divulgue".
Por último, disse que já tinha sido
pago "um pouco mais da metade". Apesar da confusão, garantiu
que o pagamento foi feito. "Está
registrado no Banco Central."
Ele disse que o grupo Ruas começou a negociar a Penha São
Miguel com os estrangeiros quando foi lançada a megaconcorrência de R$ 15 bilhões para as linhas
de ônibus de São Paulo.
"A concorrência no nosso caso
era uma ameaça, para eles era
uma oportunidade", diz Cunha.
Segundo ele, o grupo Ruas vendeu a Penha São Miguel porque
achou que não venceria a licitação. Mas Cunha não esclareceu
porque o grupo continuou com 12
outras empresas em São Paulo.
Ele contou que os estrangeiros
pararam de pagar pela empresa
depois que a concorrência foi suspensa. "Eles estão desistindo do
negócio." Segundo ele, a operação
será desfeita em um mês e a empresa voltará ao grupo Ruas.
Ele contou que continua no comando da empresa por causa de
um contrato de gestão firmado
com os empresários estrangeiros.
Cunha se comprometeu a mostrar a documentação, mas seus
advogados não responderam, como havia sido combinado, aos telefonemas da reportagem.
O consultor jurídico da
SPTrans, Jorge Kengo Fukuda,
disse à Folha que nenhuma das
empresas de ônibus de São Paulo
era de propriedade de empresas
estrangeiras, inclusive uruguaias.
Confrontado com os documentos que comprovavam a transferência da posse da Penha São Miguel, Fukuda disse que tomou conhecimento da operação pela reportagem.
(FP)
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