São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999


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ESTRATÉGIA

Direção procura famílias e consegue companhia para os que não têm parentes

Presídio inventa "adoção" de detento

da Folha Campinas
da Reportagem Local

Para aumentar o índice de retorno após a saída temporária, a direção da Penitenciária do São Bernardo de Campinas (99 km de SP) lançou uma iniciativa inédita: a "adoção" de presos durante as festas e feriados.
"Desde o feriado de Finados, nossas assistentes sociais fazem visitas às famílias, mas precisávamos de uma alternativa para os que não têm parentes no Estado", disse o diretor da cadeia, José Tomazella da Silva. "Se o preso sai e não tem para onde ir, é certo que voltará às velhas companhias e ao crime."
A saída encontrada foi procurar amigos dos internos que aceitassem recebê-los durante as festas. Neste final de ano, a cadeia terá um "adotado", o preso N.C.S., 26.
S. deixa a cadeia hoje, às 8h, e deve voltar no próximo dia 5, às 18h. Os 13 dias, ele vai passar na companhia da família de um ex-colega de cela, que já está em regime semi-aberto.
"A minha família está em Porto Alegre. Como aqui não conheço ninguém, já cheguei a pedir para não sair nos feriados", afirmou o preso, que diz estar satisfeito com a alternativa.
S. cumpre pena de um ano por furto de um carro em São Paulo. Diz ter certeza que as saídas com "adoção" lhe farão bem. "É muito bom voltar para a rua e ter o apoio das pessoas."
O não-retorno é falta disciplinar. O preso passa a ser considerado foragido e, quando volta, perde os benefícios adquiridos, exceto se apresentar uma boa justificativa para o atraso.
Para o novo secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, "o benefício é um contrato de risco necessário para avaliar a responsabilidade, a disciplina e o estágio de recuperação do preso".
Mas o secretário afirmou que o objetivo de sua gestão é investir em presídios semi-abertos e penas alternativas para ajudar o processo de reintegração.
Nos últimos cinco anos, o governo Mário Covas (PSDB) construiu 21 presídios, mas apenas 3 são de regime semi-aberto.
De acordo com o secretário, o governo quer construir mais dez presídios nos próximos três anos. Desses, oito devem ser semi-abertos. (MÁRIO ROSSIT e SÍLVIA CORRÊA)



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