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ESTRATÉGIA
Direção procura famílias e consegue companhia para os que não têm parentes
Presídio inventa "adoção" de detento
da Folha Campinas
da Reportagem Local
Para aumentar o índice de retorno após a saída temporária, a
direção da Penitenciária do São
Bernardo de Campinas (99 km
de SP) lançou uma iniciativa
inédita: a "adoção" de presos
durante as festas e feriados.
"Desde o feriado de Finados,
nossas assistentes sociais fazem
visitas às famílias, mas precisávamos de uma alternativa para
os que não têm parentes no Estado", disse o diretor da cadeia,
José Tomazella da Silva. "Se o
preso sai e não tem para onde ir,
é certo que voltará às velhas
companhias e ao crime."
A saída encontrada foi procurar amigos dos internos que
aceitassem recebê-los durante
as festas. Neste final de ano, a cadeia terá um "adotado", o preso
N.C.S., 26.
S. deixa a cadeia hoje, às 8h, e
deve voltar no próximo dia 5, às
18h. Os 13 dias, ele vai passar na
companhia da família de um ex-colega de cela, que já está em regime semi-aberto.
"A minha família está em Porto Alegre. Como aqui não conheço ninguém, já cheguei a pedir para não sair nos feriados",
afirmou o preso, que diz estar
satisfeito com a alternativa.
S. cumpre pena de um ano por
furto de um carro em São Paulo.
Diz ter certeza que as saídas com
"adoção" lhe farão bem. "É muito bom voltar para a rua e ter o
apoio das pessoas."
O não-retorno é falta disciplinar. O preso passa a ser considerado foragido e, quando volta,
perde os benefícios adquiridos,
exceto se apresentar uma boa
justificativa para o atraso.
Para o novo secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, "o benefício é
um contrato de risco necessário
para avaliar a responsabilidade,
a disciplina e o estágio de recuperação do preso".
Mas o secretário afirmou que
o objetivo de sua gestão é investir em presídios semi-abertos e
penas alternativas para ajudar o
processo de reintegração.
Nos últimos cinco anos, o governo Mário Covas (PSDB)
construiu 21 presídios, mas apenas 3 são de regime semi-aberto.
De acordo com o secretário, o
governo quer construir mais
dez presídios nos próximos três
anos. Desses, oito devem ser semi-abertos.
(MÁRIO ROSSIT e SÍLVIA CORRÊA)
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