São Paulo, quarta, 23 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRISÕES
Autoridades temem protestos e reforçam a segurança nas cadeias de São Paulo no Natal
Indulto menor pode causar rebelião

LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local

Pelo menos 900 presos condenados do Estado de São Paulo serão libertados hoje das casas de detenção e penitenciárias para passar o Natal e o final do ano com a família.
Apesar do aumento de 15% no número de presos neste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, os indultos natalinos diminuíram por causa da determinação do presidente Fernando Henrique Cardoso, que suspendeu o benefício a condenados que tiveram mau comportamento durante o ano.
O impacto das limitações impostas pelo presidente para a concessão do indulto natalino, principalmente em um momento considerado crítico, preocupa os dirigentes penitenciários, que temem protestos e rebeliões carcerárias.
Em 97, por exemplo, havia 36.621 presos condenados em 43 unidades carcerárias do Estado e 1.100 conseguiram o indulto. Já neste ano, apesar das 42.152 pessoas presas - 5.531 a mais- em 54 unidades, apenas 900 terão o benefício.
Segundo a Secretaria Estadual dos Assuntos Penitenciários, os presos que conseguiram o indulto saem hoje pela manhã e devem voltam no dia 4, às 17h.
Foram beneficiados aqueles que cumpriram um terço ou metade da pena de mais de seis anos de prisão, ou aqueles que tiveram mais de 60 anos.

Bom comportamento
A dificuldade para conseguir o indulto natalino aumentou principalmente porque só aqueles que tiveram bom comportamento e que nunca participaram de rebeliões ou estiveram amotinados conseguiram o benefício.
O indulto também não foi concedido para os presos condenados por crime hediondo, militar, racismo, tortura, terrorismo e tráfico de drogas.
Como precaução contra as rebeliões de final de ano, o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Luis Paulo Braga Braun, pediu aos diretores de presídios que aumentassem o número de policiais de plantão e reforçassem a segurança durante esse período.
Cada unidade está encarregada, ainda, de fazer uma vistoria detalhada nas celas, com o objetivo de evitar tentativas de fugas por túneis e motins.
As assessorias das secretarias da Segurança Pública e dos Assuntos Penitenciários informaram que o trabalho preventivo começou no início de dezembro e que deve continuar até janeiro, com o final das festas.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.