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LEGISLATIVO
Mínimo de votos para abrir comissão caiu de 28 para 19 a pedido do partido; oposição teria ao menos 20 vereadores
CPIs podem prejudicar reforma do PT na Câmara
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os vereadores de oposição,
mesmo sendo minoria na Câmara Municipal de São Paulo, têm
condições de abrir várias CPIs
(Comissões Parlamentares de Inquérito), podendo brecar a reforma administrativa da Casa e a
aprovação de projetos da prefeita
Marta Suplicy (PT).
A possibilidade de a oposição
abrir uma CPI só com 19 votos
-antes eram necessários 28-
surgiu com uma vitória do próprio PT na Justiça, ano passado. O
quórum mínimo de 28 beneficiou
o ex-prefeito Celso Pitta (PTN),
que tinha maioria na Câmara.
Há na Casa 26 pedidos de CPI
aguardando aprovação, a maioria
feitos pela oposição a Pitta.
O Órgão Especial do TJ (Tribunal de Justiça) decidiu reduzir o
quórum para um terço dos 55 vereadores seguindo a Constituição
Federal e a do Estado, que prevêem a mesma proporção para
CPIs no Congresso e na Assembléia. A alteração foi causada por
ação direta de inconstitucionalidade proposta em 1998 pelo PT.
A atual oposição articula a criação de CPIs do lixo -que investigue o contrato emergencial de
Marta com empresas de lixo denunciadas por irregularidades pelo próprio PT- e do PAS. O vereador Carlos Gianazzi (PT) está
propondo uma CPI da Educação.
A oposição é formada atualmente pelo PSDB (8 votos),
PMDB (4 votos), PPB (6 votos) e
dois vereadores da Força Sindical.
Com esses 20 votos, o grupo conseguiria aprovar qualquer CPI.
"Duas CPIs podem parar a Câmara", disse o chefe da assessoria judiciária, Antonio de Freitas.
Vários vereadores permanecem
com dúvida em relação ao quórum, mas Freitas confirmou que
são necessários 19 votos para
abrir a investigação. No ano passado, a Mesa recorreu da decisão,
mas o TJ manteve o acórdão.
O vereador Ítalo Cardoso (PT)
disse que a intenção era conseguir
a liminar (decisão provisória) em
1998 para realizar uma série de investigações. A oposição ao ex-prefeito Celso Pitta não conseguiu
aprovar a CPI do frango (suposto
superfaturamento de frangos
vendidos à prefeitura), por exemplo. A decisão do TJ saiu em outubro de 2000, no fim dessa gestão.
Cardoso reconhece que a disseminação de CPIs pode prejudicar
o trabalho da Câmara. "Mas é o
preço da democracia. Se servia
naquela época, não tem por que
não servir agora."
O vereador Milton Leite
(PMDB), um dos articulares da
CPI do lixo, disse ter dúvida sobre
a validade do novo quórum.
"Mas, se for assim, melhor", disse
Leite, que negou a possibilidade
de a oposição usar o novo quórum para boicotar a reforma administrativa e o governo Marta.
Resistência interna
A reforma administrativa, que
prevê corte de salário e extinção
de cargos, provocou insatisfação
no próprio PT. O presidente da
Câmara, José Eduardo Cardozo
(PT), realizou uma reunião ontem para apaziguar os ânimos e
evitar um racha na bancada.
Os vereadores petistas reclamam que não foram ouvidos nas
decisões e que os cortes deveriam
ter começado pelos cargos da Mesa, e não dos gabinetes. Cardozo
negou oficialmente a crise; no entanto, vereadores petistas confirmaram a insatisfação.
"Não podemos cair na vala comum de dizer que vereadores não
precisam de muitos assessores.
Mas se quiser fazer projetos e
acompanhar a população, precisa
sim", afirmou o vereador Arselino Tatto (PT).
Para o vereador Devanir Ribeiro (PT), que fez um estudo de reforma em 1999, os cortes deveriam ter começado pela Mesa. "Só
o presidente e o primeiro-secretário têm funções. O restante
-dois vice-presidentes, um segundo secretário e dois suplentes- só assumem na ausência deles; logo não precisam de cargos."
Com isso, haveria uma redução
de 62 para 38 cargos na Mesa.
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