São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003 |
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Após 6 anos, Cartão SUS não saiu do papel
ELIANE MENDONÇA EDITORA-ASSISTENTE DA FOLHA VALE KEILA RIBEIRO DA FOLHA VALE O Cartão Nacional de Saúde -o Cartão SUS-, projeto eleito como prioridade nos dois mandatos do ex-presidente Fernando Hen- rique Cardoso (PSDB), ainda não funciona efetivamente em nenhuma cidade do país. O objetivo do cartão é agilizar o atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) promovendo um intercâmbio de informações. A idéia era que informações de cada paciente, como diagnósticos e exames anteriores, pudessem ser acessadas em qualquer unidade da rede. O cartão também permitiria que o paciente marcasse consultas em qualquer unidade com vagas disponíveis e o tipo de atendimento necessário sem enfrentar as filas por senhas. A idéia foi anunciada 1996. Em 1998, José Serra (PSDB) assumiu o Ministério da Saúde e apontou-a como um de seus principais compromissos de governo. Os maiores problemas enfrentados pelo programa são o atraso no cadastramento dos usuários (apenas 60% foram cadastrados), a entrega dos cartões (que ainda não foi feita a todos os cadastrados), a instalação dos terminais nas unidades de saúde (ainda não concluída) e a falta de integração do sistema informatizado (que impede a troca de informações entre as unidades). O governo previa a total implantação do programa em 44 municípios escolhidos para o projeto piloto até o final de 2000. Em São José dos Campos, um dos municípios do projeto piloto, ainda não foi concluído o cadastramento dos usuários (cerca de 550 mil) nem a instalação dos terminais. No município, deveriam ter sido instalados terminais em 69 unidades de saúde (40 da rede pública e 29 da rede privada que atendem pelo SUS). Até agora, a instalação só ocorreu em 18 unidades da rede pública municipal. Em Santo André, segundo o coordenador do Núcleo de Modernização Administrativa da prefeitura, Sérgio Narciso, 260 mil dos 420 mil usuários do SUS estão cadastrados, e 13 das 30 unidades de saúde da cidade possuem o sistema do programa. A transferência dos dados para outros municípios, porém, não é possível. Outro lado Para o ex-secretário de Gestão de Investimentos do Ministério da Saúde do governo FHC, Gabriel Ferrato, o cartão cumpriu as expectativas, já que mais de 60% dos brasileiros estão cadastrados. Ele disse que as 44 cidades piloto têm os equipamentos instalados e funcionários já treinados. Ferrato admitiu que o projeto prevê o uso pleno do cartão em todos os níveis de atendimento e em todas as unidades de saúde, o que não ocorre. Ele ressalta, porém, que a previsão feita no ano passado pelo ministério era que o projeto nas cidades piloto fosse finalizado só em 2003. Segundo ele, os municípios tiveram dificuldade de instalar o programa em unidades que não são da administração municipal. Colaborou ISABELA SALGUEIRO, das Regionais Texto Anterior: Dengue: Ministro da Saúde aposta em Deus e na sorte Próximo Texto: Sistema amplia dificuldades Índice |
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