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REMÉDIOS
Jamil Hadad diz que 50 medicamentos foram tirados do mercado em sua gestão e agora são vendidos
Ex-ministro diz que farmácia vende "B.O."
VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha
O ex-ministro da Saúde Jamil
Hadad disse, em depoimento à
CPI, que os remédios B.O. (bons
para otários) continuam sendo
vendidos nas farmácias.
Ele citou, como exemplo desses
medicamentos inócuos, os hepatoprotetores, alguns antidiarréicos e biotônicos.
Pelo menos 50 medicamentos
foram retirados do mercado na
sua gestão (ano de 93), segundo
Hadad, por serem ineficazes ou
mesmo prejudiciais à saúde. Eles
voltaram a ser vendidos porque
os laboratórios ganharam esse direito na Justiça, informou ele.
Hadad criticou, também, as associações de antibióticos com outras drogas. Segundo ele, a OMS
(Organização Mundial de Saúde)
só garante entre 10 e 15 medicamentos associados. "Íamos (na
sua gestão) tirar cerca de 6.000 associações do mercado."
"Os B.O. estão aí", afirmou Hadad. "O Virgin Again é um deles",
exemplificou, citando um medicamento que promete a virgindade feminina de volta.
Em depoimento à CPI, na semana passada, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Gonzalo Vecina Neto, afirmou que todos os remédios com
registro no Ministério da Saúde
têm a ação terapêutica que prometem na bula. Até as 23h, Vecina
não havia se manifestado sobre as
declarações.
Hadad informou que 70% dos
medicamentos de uma lista de
300 remédios inócuos, elaborada
pelos conselhos regionais de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro, em 93, estão no mercado.
Com relação aos hepatoprotetores, ele disse que "já foi provado, por pesquisas feitas em várias
partes do mundo, que nenhum
medicamento protege o fígado,
que, quando começa a degenerar-se, não há remédio que o cure".
Quebra de sigilo
A CPI dos Medicamentos não
conseguiu votar ontem a quebra
de sigilo bancário dos 21 laboratórios acusados de formar cartel
contra os remédios genéricos. A
votação foi interrompida porque
começou uma sessão ordinária da
Câmara dos Deputados.
Foi a segunda vez em 15 dias que
a CPI tenta quebrar esse sigilo.
A bancada de apoio ao governo
se mobilizou para não deixar que
o requerimento do deputado Fernando Zuppo (PDT-SP), que pedia devassa bancária e telefônica,
fosse aprovado. A bancada queria
aprovar outro pedido, o do relator
Ney Lopes (PFL-RN), que excluía
a quebra do sigilo telefônico.
"Esse requerimento (de Lopes)
é uma farsa, é apenas um pedido
de informações bancárias", disse
Geraldo Magela (PT-DF). O requerimento tem seis perguntas.
"A quebra é ampla dentro dessas
questões", afirma Lopes.
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