São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2000


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REMÉDIOS
Jamil Hadad diz que 50 medicamentos foram tirados do mercado em sua gestão e agora são vendidos
Ex-ministro diz que farmácia vende "B.O."

VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha

O ex-ministro da Saúde Jamil Hadad disse, em depoimento à CPI, que os remédios B.O. (bons para otários) continuam sendo vendidos nas farmácias.
Ele citou, como exemplo desses medicamentos inócuos, os hepatoprotetores, alguns antidiarréicos e biotônicos.
Pelo menos 50 medicamentos foram retirados do mercado na sua gestão (ano de 93), segundo Hadad, por serem ineficazes ou mesmo prejudiciais à saúde. Eles voltaram a ser vendidos porque os laboratórios ganharam esse direito na Justiça, informou ele.
Hadad criticou, também, as associações de antibióticos com outras drogas. Segundo ele, a OMS (Organização Mundial de Saúde) só garante entre 10 e 15 medicamentos associados. "Íamos (na sua gestão) tirar cerca de 6.000 associações do mercado."
"Os B.O. estão aí", afirmou Hadad. "O Virgin Again é um deles", exemplificou, citando um medicamento que promete a virgindade feminina de volta.
Em depoimento à CPI, na semana passada, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Gonzalo Vecina Neto, afirmou que todos os remédios com registro no Ministério da Saúde têm a ação terapêutica que prometem na bula. Até as 23h, Vecina não havia se manifestado sobre as declarações.
Hadad informou que 70% dos medicamentos de uma lista de 300 remédios inócuos, elaborada pelos conselhos regionais de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro, em 93, estão no mercado.
Com relação aos hepatoprotetores, ele disse que "já foi provado, por pesquisas feitas em várias partes do mundo, que nenhum medicamento protege o fígado, que, quando começa a degenerar-se, não há remédio que o cure".

Quebra de sigilo
A CPI dos Medicamentos não conseguiu votar ontem a quebra de sigilo bancário dos 21 laboratórios acusados de formar cartel contra os remédios genéricos. A votação foi interrompida porque começou uma sessão ordinária da Câmara dos Deputados.
Foi a segunda vez em 15 dias que a CPI tenta quebrar esse sigilo.
A bancada de apoio ao governo se mobilizou para não deixar que o requerimento do deputado Fernando Zuppo (PDT-SP), que pedia devassa bancária e telefônica, fosse aprovado. A bancada queria aprovar outro pedido, o do relator Ney Lopes (PFL-RN), que excluía a quebra do sigilo telefônico.
"Esse requerimento (de Lopes) é uma farsa, é apenas um pedido de informações bancárias", disse Geraldo Magela (PT-DF). O requerimento tem seis perguntas. "A quebra é ampla dentro dessas questões", afirma Lopes.


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