São Paulo, terça, 24 de fevereiro de 1998

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DESABAMENTO
Defensor público Gil Maneschy estava na garagem; outras sete pessoas continuam desaparecidas
Bombeiros resgatam corpo de escombros



ELVIRA LOBATO
FELIPE WERNECK
da Sucursal do Rio

Os bombeiros resgataram, ontem à tarde, o corpo do primeiro dos oito moradores desaparecidos durante o desabamento de um edifício de 22 andares, o Palace 2, na Barra da Tijuca (zona sul do Rio), na madrugada de domingo.
A vítima identificada é o defensor público Gil Augusto Guimarães Maneschy, 45, pai de três filhos, que morava na cobertura. O corpo foi achado na segunda garagem do subsolo, sob os escombros.
Por enquanto, os bombeiros não procuram os corpos de outras vítimas. Eles apenas limpam o local para iniciar o escoramento do prédio. O trabalho é feito com ajuda da Defesa Civil e da Fundação Geo-Rio, órgão de engenharia do município.
O coronel-médico Luiz Maurício Polotkowsky, do Corpo de Bombeiros, disse que o corpo de Maneschy foi visto ainda na noite de anteontem, mas que o resgate demorou porque os escombros estão apoiando o que restou do prédio.
Sete pessoas continuam desaparecidas, mas apenas três, vistas pelos vizinhos minutos antes do desabamento, são dadas como mortas: Fátima Barbosa Ferraz, Leonel Benevides e um engenheiro identificado como Gerard.

Operação arriscada
No início da tarde, uma equipe dos bombeiros decidiu fazer uma operação arriscada para confortar uma mãe desesperada com o desaparecimento da filha adolescente.
Os bombeiros entraram no edifício com Bárbara Alencar Leão Martins, que procurava pela filha Luíza Alencar Martins, 13. A menina é uma das quatro outras pessoas desaparecidas que não foram vistas no local no momento do acidente pelos vizinhos.
Segundo a advogada Nerina de Alencar Leão, 40, tia de Luíza, a sobrinha estava no prédio na hora do desabamento, com o pai, o médico Nilton Luiz Martins, do irmão Nilton Martins Neto, 3, e da madrasta, Rosângela Quaresma.
A advogada disse que seu ex-cunhado, em telefonema a parentes de São Paulo, contou que a família passaria a noite em casa. Ele morava no apartamento 2.002, cuja coluna desabou.
A mãe da menina insistiu em subir os 22 andares, pelas escadas, pois tinha esperança de que a filha pudesse estar viva, bloqueada por alguma porta ou parede. Nenhuma pista foi achada.
No fim da tarde, moradores do bloco 1, que admitem voltar a morar no Palace caso seja feito um trabalho de reforma, chegaram a um acordo com a prefeitura.
Pelo acordo, a Geo-Rio fará o escoramento e a remoção dos escombros. O térreo e os dois subsolos serão escorados com dormentes de madeira em forma de fogueira. Os andares superiores serão escorados pelas fachadas por estruturas tubulares de aço.
A Geo-Rio e os moradores firmaram um documento pelo qual, após o escoramento, a ser feito, possivelmente, com a ajuda de uma empresa particular, os moradores assumem a responsabilidade pela reforma do resto do prédio. Os moradores disseram que vão exigir da construtora Sersan a realização da recuperação.


Colaborou Roni Lima, da Sucursal do Rio




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