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DESABAMENTO NO RIO
Ocupação sem "Habite-se" é responsabilidade de empresa, diz presidente de órgão de engenharia
Só invasão livraria construtora, diz Crea
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
O presidente do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio), José Chacon de
Assis, disse ontem que a fiscalização da qualidade das obras não
públicas não é feita no Brasil. A lacuna, segundo ele, deveria ser
preenchida pela prefeituras.
Chacon disse que, no caso das
obras públicas, as administrações
têm um órgão para fazer essa fiscalização. Ele admitiu que pode
haver um vazio na legislação no
que diz respeito à fiscalização de
obras particulares, mas afirmou
que as prefeituras, nos processos
de "Habite-se", deveriam verificar se os prédios têm condição estrutural de ser habitados.
No caso de a ocupação da obra
ter sido feita sem o "Habite-se",
como é o caso do condomínio Palace, Chacon disse que a empresa
só terá argumento de defesa se a
obra tiver sido invadida.
Segundo ele, a fiscalização do
Crea é apenas "preventiva" e verifica se a obra está sendo corretamente feita por uma construtora
habilitada e se tem um engenheiro
responsável também considerado
legalmente apto para o trabalho.
Ele disse que há cerca de um ano
o Crea fez uma vistoria no bloco 2
do condomínio Palace, que desabou parcialmente anteontem, e
não constatou irregularidades.
Chacon disse ainda que a legislação brasileira responsabiliza o engenheiro responsável por uma
obra durante cinco anos após sua
conclusão por qualquer falha estrutural que ela apresente.
Até ontem à tarde não havia sido
revelado quem foi o engenheiro
responsável pela construção do
prédio que desabou. A Secretaria
de Urbanismo informou que o
processo de concessão do "Habite-se", onde consta o nome do engenheiro, está trancado na Secretaria da Fazenda e que somente
amanhã será possível acessá-lo.
Chacon propôs que as prefeituras criem departamentos para fazer vistoria de qualidade dos prédios. A secretária de Urbanismo,
Hélia Nacif, disse que a proposta
de Chacon é "inexequível". "Você já imaginou o que seria essa fiscalização em cada obra de uma cidade de 5,6 milhões de habitantes
como o Rio?", perguntou.
A secretária disse que o papel da
prefeitura tem dois momentos:
primeiro, ela autoriza a obra, após
verificar se está de acordo com as
normas de ocupação do solo urbano do município, se tem um responsável pela empresa construtora, um responsável pelo projeto e
outro pela obra. Cada um deles
deve estar habilitado pelo Crea.
Por fim, para a concessão do
"Habite-se", a prefeitura pede aos
bombeiros e a companhias de luz,
água e telefone as declarações de
que a obra está corretamente
equipada. Verifica também se a
obra está regular nos órgãos de arrecadação e de registro de imóveis.
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