São Paulo, terça, 24 de fevereiro de 1998

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Moradora não pretende sair

da Sucursal do Rio

O susto de ser acordada por um estrondo no meio da madrugada e de deixar o apartamento, às pressas, sob uma nuvem de poeira, ouvindo os gritos dos vizinhos apavorados com o desabamento do prédio ao lado, não foi suficiente para traumatizar a aposentada Claudete Morais, 51.
Ela e o marido, o coronel aposentado Yonne Morais, 61, vivem no bloco 1 do condomínio Palace, de frente para o bloco 2, que desmoronou na madrugada de domingo.
Os dois blocos foram interditados pela Defesa Civil do Rio. Claudete passou o dia de ontem na calçada em frente ao prédio, procurando saber quando poderia voltar para casa.
"Vou ficar no meu apartamento. Minha intuição me diz que o prédio vai continuar de pé por muitos anos mais ", afirmava.

Reforma
Enquanto vários vizinhos choravam, Claudete parecia irredutível na determinação de voltar para casa.
"Eu e meu marido acabamos de reformar o apartamento. Gastamos um dinheirão. Ele ficou lindo. Não posso abrir mão do único patrimônio que tenho", disse.
Para Claudete, as pessoas nascem com um destino e não têm como escapar dele.
Segundo ela, o coronel Rômulo Lodi, morto há uma semana, no Rio, enquanto dormia, vítima de uma bala perdida, era grande amigo de seu marido. "Diante de uma coisa dessas, vamos ter medo de quê?", indagou.
(ELVIRA LOBATO)



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