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NARCOTRÁFICO
Anotações feitas pela namorada do traficante ajudaram investigações da polícia
Agenda auxiliou prisão de Beira-Mar
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia colombiana avalia que
a prisão de Elizete Silva Lira, em
22 de março, marcou o início da
desarticulação do esquema que
possibilitou ao traficante Luiz
Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, operar durante
um ano trocando armas por drogas naquele país.
A agenda detalhava em códigos
como Beira-Mar, que tinha uma
identidade colombiana em nome
de Carlos Julio Segura Alcantara,
operava o tráfico dentro da selva
colombiana.
A polícia chegou a contratar um
criptógrafo para desvendar os escritos do traficante.
Com a identidade falsa, Beira-Mar comprou uma fazenda no
Departamento (Estado) de Guaviare, cinco propriedades em Bogotá e um automóvel em uma
agência de veículos ao norte da
capital colombiana.
Sete celulares
De acordo com informações dadas pela polícia colombiana, Beira-Mar usava sete celulares via satélite para se comunicar com
cúmplices no Brasil, no Paraguai e
na Colômbia.
A agenda encontrada com Elizete continha recibos das compras de sete celulares, na loja
Imarsat, no Paraguai.
A polícia colombiana acredita
que a agenda também seja uma
prova do envolvimento de Beira-Mar com o comandante da Frente
16 das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Tomas Medina Caracas, conhecido
como Negro Acacio.
Medina ingressou nas Farc em
1988 e hoje é considerado pelo
Exército a "caixa-registradora" da
guerrilha.
Ele opera desde o ano de 1990
nos Departamentos de Vichada e
Guaviare. Medina teria sido repreendido pela direção da Farc
pelo seu apego por carros importados e bebidas.
Proteção
Anotações da agenda encontrada com Elizete indicam que o
acordo de proteção entre Beira-Mar e Negro Acacio incluía a entrega a cada três meses de 60 garrafas de whisky Chivas Regal, safra 1921, e outras 60 garrafas de
Johnny Walker selo azul.
De acordo com a polícia da Colômbia, Negro Acacio designou o
guerrilheiro Luis García, o Franklin Cabezón, preso dia 18 em Bogotá, para negociar diretamente
com Beira-Mar.
A prisão de Cabezón resultou
do rastreamento, pela polícia, das
ligações telefônicas de Elizete.
No dia 11 de fevereiro, a operação Gato Negro, lançada para
prender Negro Acacio, apreendeu
com um guerrilheiro preso comprovantes de entrega de 560 fuzis
AK-47 e 2.252 pistolas, após um
tiroteio em que Beira-Mar teria sido ferido. As armas seriam contrabandeadas do Paraguai.
De acordo com a Polícia Federal, Beira-Mar se associou ao empresário paraense Leonardo Dias
Mendonça para contrabandear
cocaína para Estados Unidos e
Europa, via Suriname.
A entrada da droga nas regiões
sul e Sudeste do Brasil era providenciada por Ney Machado, o
Ney Pitoco. Atualmente ele está
detido em uma prisão na Colômbia e deve ser extraditado para o
Brasil nos próximos dias.
O abastecimento das bocas-de-fumo do Rio continuou a ser operado por Alexsandro Cardoso dos
Santos, conhecido como Tarcísio
ou Chiquinho Meleca, um dos últimos foragidos da quadrilha original de Beira-Mar.
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