São Paulo, terça-feira, 24 de abril de 2001

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Governo teme crescimento da criminalidade

DA SUCURSAL DO RIO

O governo do Rio está preocupado com o aumento da criminalidade no Estado como consequência da prisão de Fernandinho Beira-Mar.
A expectativa é de que haja uma movimentação entre traficantes para ocupar o vácuo deixado pela prisão e que ocorra um aumento de crimes não relacionados ao tráfico.
"O primeiro reflexo da prisão será o desabastecimento da droga. Nesses casos há uma migração para outra atividade criminosa", avalia o governador do Rio, Anthony Garotinho. Ele determinou à Secretaria de Segurança Pública que os grupos de combate a roubo de carga, roubo de carro e assalto a banco sejam reforçados.
Por causa do caráter fragmentado da venda de drogas na cidade, as autoridades ainda se dividem ao apontar o sucessor de Beira-Mar.
Na operação Ícaro 1, concluída mês passado pela Polícia Federal, Rodrigo Barbosa Marinho, o Rolinha, foi apontado como um dos maiores traficantes do Estado. Rolinha chefia o tráfico no morro da Fazendinha, no Complexo do Alemão (zona norte do Rio), que vende diariamente 100 quilos de maconha e 20 quilos de cocaína, com um faturamento semanal de R$ 1 milhão, segundo a PF.
Para o Secretário de Segurança do Rio, Josias Quintal, o traficante mais perigoso do Estado, depois de Beira-Mar, é Márcio José Guimarães, o Tchaca, apontado como comandante do tráfico em pelo menos oito favelas.

Investigações
O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, José Muiños Piñeiro Filho, afirmou ontem que "a prisão de Fernandinho Beira-Mar não ajudará as investigações sobre o tráfico de drogas no Rio".
De acordo com o procurador-geral, existe uma espécie de código de honra vigente entre os traficantes, que impede que eles denunciem quem são os verdadeiros mandantes do comércio de drogas.
"Mesmo a prisão de um grande traficante e de quase toda sua quadrilha não afastará o comércio ilícito de drogas do país", afirmou Muiños Piñeiro.
Segundo o procurador-geral, o tráfico de drogas só será erradicado quando não existir mais o envolvimento de autoridades, principalmente de policiais, nesse comércio.
De acordo com os promotores que coordenam as investigações sobre a quadrilha de Fernandinho Beira-Mar, 29 integrantes do grupo já foram condenados e 26 estão detidos -14 ainda estão foragidos.
Segundo Muiños Piñeiro, o caso de Fernandinho Beira-Mar é único no Estado. "Não prendemos apenas um traficante ou o líder de uma quadrilha. Prendemos o mandante e todos os seus principais assessores. Mesmo assim, ele poderá ser substituído, ou então a rota utilizada por ele passará a ser utilizada por outro criminoso", afirmou o procurador-geral.


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