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Governo teme
crescimento da
criminalidade
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do Rio está preocupado com o aumento da criminalidade no Estado como
consequência da prisão de Fernandinho Beira-Mar.
A expectativa é de que haja
uma movimentação entre traficantes para ocupar o vácuo deixado pela prisão e que ocorra
um aumento de crimes não relacionados ao tráfico.
"O primeiro reflexo da prisão
será o desabastecimento da
droga. Nesses casos há uma
migração para outra atividade
criminosa", avalia o governador do Rio, Anthony Garotinho. Ele determinou à Secretaria de Segurança Pública que os
grupos de combate a roubo de
carga, roubo de carro e assalto
a banco sejam reforçados.
Por causa do caráter fragmentado da venda de drogas
na cidade, as autoridades ainda
se dividem ao apontar o sucessor de Beira-Mar.
Na operação Ícaro 1, concluída mês passado pela Polícia Federal, Rodrigo Barbosa Marinho, o Rolinha, foi apontado
como um dos maiores traficantes do Estado. Rolinha chefia o
tráfico no morro da Fazendinha, no Complexo do Alemão
(zona norte do Rio), que vende
diariamente 100 quilos de maconha e 20 quilos de cocaína,
com um faturamento semanal
de R$ 1 milhão, segundo a PF.
Para o Secretário de Segurança do Rio, Josias Quintal, o traficante mais perigoso do Estado, depois de Beira-Mar, é
Márcio José Guimarães, o
Tchaca, apontado como comandante do tráfico em pelo
menos oito favelas.
Investigações
O procurador-geral de Justiça
do Rio de Janeiro, José Muiños
Piñeiro Filho, afirmou ontem
que "a prisão de Fernandinho
Beira-Mar não ajudará as investigações sobre o tráfico de
drogas no Rio".
De acordo com o procurador-geral, existe uma espécie
de código de honra vigente entre os traficantes, que impede
que eles denunciem quem são
os verdadeiros mandantes do
comércio de drogas.
"Mesmo a prisão de um
grande traficante e de quase toda sua quadrilha não afastará o
comércio ilícito de drogas do
país", afirmou Muiños Piñeiro.
Segundo o procurador-geral,
o tráfico de drogas só será erradicado quando não existir mais
o envolvimento de autoridades, principalmente de policiais, nesse comércio.
De acordo com os promotores que coordenam as investigações sobre a quadrilha de
Fernandinho Beira-Mar, 29 integrantes do grupo já foram
condenados e 26 estão detidos
-14 ainda estão foragidos.
Segundo Muiños Piñeiro, o
caso de Fernandinho Beira-Mar é único no Estado. "Não
prendemos apenas um traficante ou o líder de uma quadrilha. Prendemos o mandante e
todos os seus principais assessores. Mesmo assim, ele poderá
ser substituído, ou então a rota
utilizada por ele passará a ser
utilizada por outro criminoso",
afirmou o procurador-geral.
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