|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TROTE VIOLENTO
Sindicância da Faculdade de Medicina conclui que Edison Hsueh foi provavelmente empurrado para a piscina
USP descarta acidente em morte de aluno
da Reportagem Local
A hipótese de que a morte do estudante Edison Tsung-Chi Hsueh
na piscina da Associação Atlética
Acadêmica Oswaldo Cruz tenha sido acidental está "praticamente
descartada", segundo o diretor da
Faculdade de Medicina da USP,
Irineu Tadeu Velasco.
Em dois meses de investigações,
a comissão de sindicância criada
pela faculdade para apurar o caso
chegou à conclusão de que Edison
foi provavelmente empurrado.
"A probabilidade maior é que tenha havido realmente alguma ação
de empurrar o calouro para dentro
da piscina", disse Velasco.
A comissão chegou a essa conclusão "tecnicamente", baseada
em três fatos: Edison não sabia nadar, não tinha bebido ou usado
drogas e seus óculos foram achados no fundo piscina. Mas, assim
como a polícia, não conseguiu encontrar ninguém que tenha testemunhado o que ocorreu.
Outra conclusão do relatório é de
que "houve excessos" nos trotes.
Velasco diz ter nomes de três a sete
alunos que teriam "exagerado".
"O número não é preciso porque,
quando você tem uma denúncia,
tem que ouvir quem denunciou e o
acusado e ver as circunstâncias em
que ocorreram (os excessos). Algumas denúncias não eram pertinentes porque ficou provado que a
pessoa estava em outro local."
O diretor não pretende divulgar
os nomes dos suspeitos até o fim
das investigações. Segundo ele, a
identificação agora poderia comprometer a vida de pessoas que depois se revelassem inocentes. "Se
forem culpados, eu não terei o mínimo problema em divulgar."
Os excessos relatados pela comissão vão de jogar tinta nos calouros a bater com colheres em
suas cabeças, arrastá-los pelo chão
e pisar em suas mãos. Velasco, entretanto, fez questão de deixar claro que nada foi encontrado que
possa relacionar o excesso nos trotes com a morte de Edison.
Mesmo assim, afirmou que esses
excessos serão punidos e que não é
necessário que estejam relacionados à morte de Edison para justificar a expulsão de um aluno.
A comissão ouviu entre 20 e 25
alunos, previamente selecionados
por terem sido apontados como
pessoas que podiam dar informações. Segundo o diretor, a faculdade pode ter mais facilidade que a
polícia em obter informações porque os alunos têm uma relação de
confiança com os professores.
Agora, Velasco deve apresentar
os resultados do relatório parcial
da comissão de sindicância ao reitor da USP, Jacques Marcovitch, e
ao Conselho Universitário. A partir de então, deve ser determinada
uma comissão processual para
continuar as investigações tanto
sobre a morte de Edison quanto
sobre os trotes e, se for o caso, punir os alunos envolvidos.
Texto Anterior: Letras jurídicas - Walter Ceneviva: STJ assume posição em defesa do Judiciário Próximo Texto: Qualquer punição marca carreira Índice
|