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Orelhões escondem riscos para a saúde
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
Um alerta a usuários de orelhões
da cidade: os aparelhos podem estar contaminados por bactérias
que causam infecções em pessoas
que estejam com ferimentos ou
baixa resistência imunológica.
Um estudo realizado por otorrinolaringologistas da Famema (Faculdade de Medicina de Marília),
no interior de São Paulo, mostrou
que metade dos 50 telefones públicos pesquisados na cidade estavam
contaminados pela Staphylococcus aureus, bactéria que pode causar otite externa (infecção na parte
externa ao tímpano).
As bactérias foram encontradas
apenas na parte do fone onde o
usuário encosta o ouvido.
"Se essa situação ocorre em Marília, que tem uma população de
200 mil habitantes, com certeza a
situação é a mesma -senão
pior- em grandes centros urbanos, onde há maior circulação de
pessoas", diz o otorrino Alfredo
Rafael Dell'Aringa, coordenador
da pesquisa.
Como parte desse estudo, também foi analisada a flora existente
em telefones públicos em hospitais.
Em alguns aparelhos de hospitais, foram encontradas as bactérias Pseudomonas aeroginosas e
Serratias sp, que podem ser causadoras de sérias infecções nas vias
aéreas superiores (nariz, ouvido,
garganta, ocasionando até uma
pneumonia) ou infecções de pele.
O grande problema de bactérias
de ambiente hospitalar é que elas
costumam ser mais resistentes aos
tratamentos. "Alguém que use o
orelhão do hospital contaminado e
esteja predisposto poderá adquirir
uma infecção, cujo tratamento será mais complicado", diz o otorrino Luiz Ubirajara Sennes, professor de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP, ao
comentar os resultados do estudo.
Baixa imunidade
Não é qualquer pessoa que vai
adquirir uma infecção por meio de
um simples contato com o fone
contaminado.
A infecção pode ocorrer se houver uma porta de entrada, como
um ferimento na parte externa do
ouvido ou na pele ao seu redor.
Também correm risco pessoas
que estejam com a capacidade
imunológica baixa por causa de alguma virose, por exemplo. Outros
grupos propensos à contaminação
são transplantados, portadores de
HIV e diabéticos.
De acordo com o otorrino Paulo
Pontes, conselheiro da Sociedade
Brasileira de Otorrinolaringologia,
os resultados da pesquisa realizada
em Marília apontam para a necessidade de uma melhor limpeza nos
utensílios públicos.
"Assim como os orelhões, maçanetas, vasos sanitários e suas válvulas carregam bactérias que podem causar sérios danos à saúde
dos usuários."
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