São Paulo, Sábado, 24 de Abril de 1999
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Orelhões escondem riscos para a saúde

PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

Um alerta a usuários de orelhões da cidade: os aparelhos podem estar contaminados por bactérias que causam infecções em pessoas que estejam com ferimentos ou baixa resistência imunológica.
Um estudo realizado por otorrinolaringologistas da Famema (Faculdade de Medicina de Marília), no interior de São Paulo, mostrou que metade dos 50 telefones públicos pesquisados na cidade estavam contaminados pela Staphylococcus aureus, bactéria que pode causar otite externa (infecção na parte externa ao tímpano).
As bactérias foram encontradas apenas na parte do fone onde o usuário encosta o ouvido.
"Se essa situação ocorre em Marília, que tem uma população de 200 mil habitantes, com certeza a situação é a mesma -senão pior- em grandes centros urbanos, onde há maior circulação de pessoas", diz o otorrino Alfredo Rafael Dell'Aringa, coordenador da pesquisa.
Como parte desse estudo, também foi analisada a flora existente em telefones públicos em hospitais.
Em alguns aparelhos de hospitais, foram encontradas as bactérias Pseudomonas aeroginosas e Serratias sp, que podem ser causadoras de sérias infecções nas vias aéreas superiores (nariz, ouvido, garganta, ocasionando até uma pneumonia) ou infecções de pele.
O grande problema de bactérias de ambiente hospitalar é que elas costumam ser mais resistentes aos tratamentos. "Alguém que use o orelhão do hospital contaminado e esteja predisposto poderá adquirir uma infecção, cujo tratamento será mais complicado", diz o otorrino Luiz Ubirajara Sennes, professor de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP, ao comentar os resultados do estudo.

Baixa imunidade
Não é qualquer pessoa que vai adquirir uma infecção por meio de um simples contato com o fone contaminado.
A infecção pode ocorrer se houver uma porta de entrada, como um ferimento na parte externa do ouvido ou na pele ao seu redor.
Também correm risco pessoas que estejam com a capacidade imunológica baixa por causa de alguma virose, por exemplo. Outros grupos propensos à contaminação são transplantados, portadores de HIV e diabéticos.
De acordo com o otorrino Paulo Pontes, conselheiro da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, os resultados da pesquisa realizada em Marília apontam para a necessidade de uma melhor limpeza nos utensílios públicos.
"Assim como os orelhões, maçanetas, vasos sanitários e suas válvulas carregam bactérias que podem causar sérios danos à saúde dos usuários."


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