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Medida cai no STF, acredita desembargador
DA REPORTAGEM LOCAL
A Apamagis (Associação
Paulista de Magistrados) disse considerar um avanço a
decisão do Tribunal de Justiça por trazer à discussão um
tema polêmico que deve ser
encarado como sendo de
saúde pública.
"É uma luz sobre esse tema; quem sabe encoraja a
tratar o assunto mais para o
campo social do que para encarcerar as pessoas", afirmou o presidente da associação, o desembargador Henrique Nelson Calandra.
"Acho que é muito positivo. Porque é um jovem magistrado [José Henrique Rodrigues Torres], tem uma
mente vocacionada. Para
mim, dependência química é
problema de saúde."
Apesar da importância do
tema, Calandra disse ver
problemas na decisão do TJ.
Isso porque a inconstitucionalidade ou não de uma lei
não poderia ser feita nessa
instância.
"Para você declarar inconstitucional o dispositivo
da lei que tipifica esse tipo de
conduta, você tinha que submeter isso à decisão do plenário do tribunal. E é matéria para ir até o STF", afirmou ele. O desembargador
disse acreditar que o STF
não deve manter esse posicionamento.
"É uma interpretação muito ousada, não sei se vai prevalecer ou não -a tendência
no tribunal é que não prevaleça. Nós temos um regime
jurídico extremamente pesado, rigoroso, que tem que
ser obedecido."
Efeito nocivo
Já o presidente da OAB
(Ordem dos Advogados do
Brasil) de São Paulo, Luiz
Flávio D'Urso, disse acreditar que a descriminalização
do porte de drogas pode ter
um efeito nocivo.
"A lei tem um efeito pedagógico. Ao descriminalizar, o
recado pode ser que, se não é
crime, é bom. Pode ter efeito
pedagógico contrário. Mas
não defendo levar à cadeia",
afirmou D'Urso.
Para ele, a criminalização
do porte de drogas é didática.
"Demonstra uma conseqüência, que o porte para uso
não é uma coisa positiva."
Ainda segundo o advogado, essa decisão do TJ de São
Paulo causou bastante surpresa entre as pessoas do
meio jurídico.
"Com relação ao porte, é
uma situação nova, principalmente porque o TJ paulista historicamente tem sido bastante conservador. Eu
tenho a impressão de que essa decisão vai gerar muito
polêmica", afirmou o presidente da OAB-SP.
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