São Paulo, domingo, 24 de junho de 2001

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Posto tem de oferecer injeção de penicilina

DA REDAÇÃO

Uma das principais queixas ouvidas pela médica Maria Helena Kiss, chefe da reumatologia pediátrica do Hospital das Clínicas de São Paulo, é a não-aplicação de injeções de penicilina benzatina em postos de saúde da cidade.
Segundo ela, muitas mães só conseguem injeção de penicilina para seus filhos se forem a prontos-socorros, onde a aplicação é autorizada por um médico.
"Em muitos postos de saúde, os funcionários não querem aplicar a injeção de penicilina, mesmo com receita médica, por medo de alguma reação alérgica", diz ela.
No Estado de São Paulo, uma portaria de 1995 do Centro de Vigilância Sanitária, republicada em 2000, proíbe a realização de testes alérgicos à penicilina em farmácias e drogarias, mas não a aplicação de injeções do antibiótico.
Segundo o Centro de Vigilância Sanitária do Estado, tanto em postos de saúde como em farmácias e hospitais podem ser aplicadas injeções de penicilina se houver um pedido médico.
De acordo com especialistas, a penicilina é um dos medicamentos mais eficazes no tratamento da doença e é considerado pela Organização Mundial da Saúde e pela Associação Americana de Pediatria e Cardiologia o mais indicado em casos de faringites causadas pela bactéria estreptococo.
Como alternativa à penicilina, existem outros tipos de antibiótico que podem ser tomados via oral, mas são menos recomendados por médicos por causa do preço e do alto índice de desistência durante o tratamento.
"Os remédios via oral têm sempre menor resultado. Em vez de uma injeção, o tratamento com sulfadizina [antibiótico] demora dez dias", afirma a pediatra Maria Odete Esteves Hilário.
O problema, diz ela, é que cerca de 50% dos pacientes acabam suspendendo o uso do medicamento antes do prazo, pois se sentem melhor após os primeiros dias.
A pediatra afirma ainda que a alergia à penicilina é rara.
Maria Helena partilha da mesma opinião e acredita que o receio de alergias à penicilina seja excessivo. "Estudos mostram que somente de 0,04% a 2% dos pacientes tratados a longo prazo com penicilina sofrem reações graves."


Queixas sobre a aplicação de penicilina podem ser feitas à Ouvidoria da Secretaria da Saúde pelo tel. 0800-175717 (de 2ª a 6ª, das 9h às 17h)



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