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Pesquisa inédita mostra relação entre doenças
DA REDAÇÃO
Uma pesquisa realizada no Instituto de Psiquiatria da Faculdade
de Medicina da USP, com 62 pacientes entre cinco e 16 anos, concluiu haver indícios de que pessoas que têm febre reumática são
mais propensas geneticamente a
desenvolver também transtornos
obsessivo-compulsivos (TOC).
TOC é uma doença que atinge
2% da população mundial e é caracterizada principalmente pelo
desenvolvimento de pensamentos obsessivos -que costumam
provocar desconforto, ansiedade
e angústia, como medo de pegar
Aids, por exemplo- e de atos
compulsivos -comportamentos
repetitivos e intencionais para
tentar afastar as obsessões.
"A pessoa obsessiva-compulsiva que tem medo de sua casa pegar fogo vai verificar diversas vezes antes de sair se o gás está fechado e ainda assim vai ter dúvidas do que fez. Esse pensamento
interfere na vida dela e em outras
atividades", afirma a psiquiatra e
pesquisadora do Instituto de Psiquiatria da USP Ana Hounie.
O estudo, que foi concluído há
um ano e meio, é o primeiro a revelar que crianças com febre reumática que não apresentam sintomas da coréia (movimentos involuntários da cabeça e de membros) também podem ter mais
chance de sofrer de transtornos
obsessivo-compulsivos.
Outros trabalhos haviam revelado maior probabilidade de incidência de casos de TOC em crianças que tenham febre reumática
com sintomas de coréia.
"Nos Estados Unidos, um estudo mostrou que os sintomas obsessivo-compulsivos aparecem e
pioram quando as crianças, mesmo sem sofrer de febre reumática,
apresentam uma infecção estreptocócica", afirma o orientador da
pesquisa, o psiquiatra da USP Euripedes Miguel.
De acordo com o médico, a conclusão do estudo na USP pode
contribuir para uma mudança na
forma de tratar portadores de
transtornos obsessivo-compulsivos. Atualmente os tratamentos
habituais, com antidepressivos e
acompanhamento terapêutico,
dão conta de melhorar os sintomas em cerca de 60% dos portadores dessa doença.
"Mas existe uma porcentagem
significativa de pessoas para as
quais os tratamentos habituais de
TOC não resolvem", afirma.
Segundo Miguel, talvez, em alguns desses casos, o paciente sofra de um processo imunológico
anormal (como pessoas que têm
febre reumática) e, por isso, o tratamento possa ser voltado para a
resposta imunológica, em vez do
uso de antidepressivos.
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