São Paulo, sexta, 24 de julho de 1998

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Ex-secretária diz que não sabia do acúmulo de cargos na Vigilância

VANESSA HAIGH
da Sucursal de Brasília

A ex-secretária nacional de Vigilância Sanitária Marta Nóbrega, demitida do cargo ontem, confessou que foi displicente no caso dos 30 funcionários que trabalhavam no Ministério da Saúde e acumulavam cargos como responsáveis técnicos em farmácias.
Ontem, ao anunciar sua demissão, Marta disse que não sabia dessa prática. Se contradisse, logo em seguida, ao afirmar que havia lido o ofício mandado pelo CRF (Conselho Regional de Farmácia), mas não deu atenção ao item que continha a denúncia.
"Temos que confessar realmente que isso passou", disse. Acrescentou que foi surpreendida com a lista dos funcionários, que representavam 80% da força de trabalho da Vigilância Sanitária na área de medicamentos.
A denúncia do acúmulo de funções foi feita por um ofício enviado ao Ministério da Saúde pelo CRF no dia 10 de julho. O documento foi enviado primeiro ao gabinete do ministro José Serra, que disse não ter recebido o ofício. Depois foi mandado para a Vigilância Sanitária.
O erro cometido por Marta foi o de não ter dado atenção ao item seis, que falava especificamente do caso dos farmacêuticos que atuavam como responsáveis técnicos de farmácias, mas na verdade cumpriam expediente no Ministério da Saúde.
Marta alegou que a questão central do documento era o pedido do CRF para que o decreto 793, que determina a indicação do nome genérico do medicamento nas embalagens, fosse cumprido. "Eu não vi esse ofício como denúncia, a denúncia só foi feita ontem (quarta)", disse.
Marta foi criticada pelo ministro da Saúde, José Serra, em entrevista coletiva na tarde de anteontem, obrigando-a a deixar o cargo que ocupou por um ano e três meses.



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