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ESTELIONATO
Vítima chegava a retirar carro novo em revenda, em crime sofisticado que pode ter rendido R$ 1 milhão
Grupo é acusado de golpe do carro 0 km
ROSANGELA DE MOURA
SANDRA AZEDO
free-lance para a Folha
Uma quadrilha especializada
em enganar interessados na compra de carros zero-quilômetro, e
que pode ter aplicado golpes no
valor de R$ 1 milhão, foi presa anteontem pela polícia de São Paulo.
Embora precisasse contar com
certa dose de ingenuidade dos
compradores, o golpe era tão sofisticado que incluía a efetiva entrega do carro comprado às pessoas enganadas -muitas, profissionais de nível superior. Só depois o "proprietário" descobria
que deveria devolver o carro e que
havia perdido seu dinheiro.
A 1ª Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos do Depatri (Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais) acusa
Marcos Donizete Sabino, 33, os irmãos Jaime Mauri de Aguiar, 35, e
Sidnei Aparecido de Aguiar, 28, e
mais uma quarta pessoa -que
escapou da prisão em flagrante-
de integrar a quadrilha. Eles negam ter aplicado os golpes.
O delegado Manoel Camassa
acredita que o grupo tenha feito
mais de 20 vítimas por mês durante os 120 dias em que a polícia
investigou o golpe. Se cada uma
foi lesada em pelo menos R$ 13
mil (valor dos carros mais baratos
"vendidos" pela quadrilha), o golpe rendeu mais de R$ 1 milhão.
Como funcionava
O grupo começava o golpe
anunciando em classificados
ofertas atrativas, como um Fiat
Palio ELX ano 99, modelo 2000,
por R$ 13 mil -vendido por cerca de R$ 15 mil nas revendas.
Quando a vítima ligava para o
telefone anunciado -sempre um
celular-, recebia explicação de
que o negócio era legal, baseado
em regalias com a montadora.
A conversa costumava ser convincente. O interessado tinha
acesso a fotos e ficha técnica do
carro e ainda era informado sobre
qual a revenda e a data de entrega.
Eram enviados para o comprador, por fax, impressos falsos com
a logomarca da montadora. A vítima informava seus dados pessoais e os do veículo desejado e
devolvia a ficha, também por fax.
Ao mesmo tempo, o grupo negociava a compra do carro com
uma concessionária. Depositava
um cheque roubado na conta da
empresa e falsificava um comprovante mostrando que o depósito
havia sido feito em dinheiro.
O depósito aparecia no extrato
da empresa, que demorava alguns dias para descobrir que havia sido feito com cheque roubado, não em dinheiro.
Nesse intervalo, o comprador
recebia cópia do depósito falsificado, depositava seu próprio dinheiro em uma conta indicada
pela quadrilha e retirava, feliz da
vida, o carro novo na revenda.
Dias depois, a polícia procurava
a vítima para reaver o veículo.
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