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Saúde básica é ruim em 23% das cidades
Estudo do Ipea avaliou capacidade de atendimento municipal na área da saúde básica sem incluir serviços complexos como cirurgia
Índices de mortalidade e longevidade foram usados como referência; Santa Catarina é o Estado com mais cidades bem avaliadas
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quase um quarto dos municípios brasileiros, a maioria de
pequeno porte, não conta com
uma infra-estrutura capaz de
atender adequadamente a população na área da saúde básica. Também pouco fizeram para alterar essa realidade.
Estão nesse grupo 23% de
5.507 cidades avaliadas. O Nordeste -principalmente Bahia e
Maranhão- concentra o maior
número desses casos.
Na outra ponta, onde a população conta com uma estrutura
municipal de atendimento à
saúde que funciona relativamente bem e os gestores estão
buscando mecanismos para
aperfeiçoá-la, aparecem 21,19%
dos municípios. Santa Catarina
é o destaque, com parte significativa das cidades enquadradas
nesse grupo.
Esses resultados estão no estudo "Indicador Municipal de
Saúde", dos pesquisadores Manoel Carlos Pires e José Carneiro Oliveira Neto, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada).
Competência municipal
Usando dados do Ministério
da Saúde, Ipea e Pnud (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento), os pesquisadores formularam indicadores que apontam a capacidade
de atendimento do município
na saúde. Não incluíram, por
exemplo, serviços mais complexos, como cirurgia e transplante, por dependerem também de Estados e União.
Oliveira Neto diz que a preocupação foi buscar índices que
tratassem da competência municipal. Trabalharam com mortalidade e longevidade, que indicam a probabilidade de os
moradores morrerem de causas evitáveis, e adesão de prefeituras a programas como o
Saúde da Família.
No programa, equipes compostas por médicos, enfermeiros, agentes comunitários de
saúde e, em alguns casos, dentistas acompanham um número definido de famílias, que moram em uma área geográfica
delimitada. Atuam, principalmente, em prevenção.
São cerca de 26 mil equipes
no país abrangendo 80 milhões
de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde.
Atlas
O estudo "Indicador Municipal de Saúde" será um dos capítulos do "Atlas do Desenvolvimento Municipal", que deve
ser lançado pelo Ipea ainda durante este ano.
Além de saúde, o atlas trará
levantamentos sobre as condições municipais em outras cinco áreas: educação, renda e emprego, finanças públicas, demografia e condição de domicílios.
Para chegar aos resultados da
qualidade da saúde básica, os
pesquisadores usaram uma
combinação de três indicadores -dois referentes à vulnerabilidade dos municípios e o terceiro que trata da cobertura da
atenção básica.
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