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Para terapeutas, medida revela falta de diálogo
DA REPORTAGEM LOCAL
Contratar um detetive
particular para investigar o
próprio filho é, para terapeutas e psicólogos, o primeiro
sinal de que as famílias não
sabem conversar e têm problemas de relacionamento.
Em boa parte dos casos,
um diálogo franco, baseado
na confiança entre pais e filhos, seria suficiente para
descobrir se um jovem está
ou não usando drogas. Mas
nem sempre é assim.
"Contratar um detetive é
um sintoma de que a família
não se conhece e mostra o
distanciamento entre pais e
filhos", afirma o psicólogo
Alexandre Saadeh, professor
da PUC-SP. "Em alguns casos, pode até ser um ato desesperado do pai, que não sabe o que fazer, mas não é o
caminho indicado."
O psicoterapeuta Luiz
Cuschnir, no entanto, afirma
que se o contato com os filhos não permite que os pais
tenham informações suficientes sobre suas atividades
e atitudes, contratar um investigador pode ser um dos
recursos para se ter esses dados.
"Mas as informações dos
detetives devem servir só para orientá-los e para que possam saber como lidar com o
fato real, sem utilizá-las simplesmente para desmascarar
o filho", diz.
O problema maior, quando
se coloca um detetive para
seguir o filho, está no momento em que o adolescente
descobre que foi investigado.
"Reestabelecer o vínculo se
torna ainda mais difícil porque o jovem se sente traído
justamente em um momento que precisa dos pais", diz
Sandra Scivoletto, psiquiatra
do HC especializada em álcool e drogas na adolescência.
Ele continua: "Antes de
contratar um investigador,
os pais deveriam buscar ajuda para eles mesmos e, assim, tentar vencer a dificuldade de diálogo."
Cuschnir faz um alerta:
nem sempre é indicado que
os pais contem sobre a investigação. "O importante é que
a informação seja usada para
traçar um plano de ação terapêutica imediata. Não para
acusar o jovem."
O psicólogo Saadeh acha
que os filhos não perdem a
confiança nos pais por um
motivo simples: "Quando
um pai contrata um detetive,
essa confiança não existe e,
portanto, não pode ser perdida".
(DT)
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