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REMÉDIOS
Segundo a polícia, Daniel Derkacheff Vera é acusado de participar da falsificação de Androcur falso
Policia indicia sócio da Veado D'Ouro
CARLA CONTE
da Reportagem Local
A polícia de Santo André indiciou ontem um dos proprietários
da farmácia de manipulação Botica Ao Veado D'Ouro Daniel Derkacheff Vera. Ele é acusado de participar da falsificação do Androcur
-foram produzidos cerca de um
milhão de comprimidos do remédio sem o princípio ativo.
Derkacheff disse que, apesar de
ser um dos diretores, o laboratório
Veafarm, pertencente à Botica e
onde teriam sido produzidos os
placebos, fica aos cuidados do outro sócio, Edgard Herbig, o qual
não teria dito a ele nada sobre produção de placebo. "Nem sei se ele
está a par disso."
O advogado de Herbig, Karlheinz Neumann, disse que o sócio
vai se pronunciar hoje, após tomar
conhecimento do inquérito.
Derkacheff afirmou que só tomou conhecimento que o laboratório Veafarm estava produzindo
placebos em junho. Segundo o sócio, essa informação foi dada pelo
farmacêutico Henrique Andrade,
responsável técnico pelo laboratório, que teria se assustado com o
escândalo do episódio do Androcur falso divulgado pela imprensa.
Derkacheff afirmou que só ligou
o placebo ao Androcur há duas semanas. O remédio falso que chegou ao mercado, pode ter acelerado a morte de pelo menos dez pacientes que se tratavam de câncer
de próstata.
Porém o sócio afirma que em junho mesmo determinou a destruição dos 100 mil placebos que ainda
estavam na empresa. Esse lote não
havia sido retirado pelo vendedor
autônomo Élcio Pereira da Silva,
que fez as encomendas ao ex-sócio
da Botica, Ricardo Garcia, que está preso.
Garcia, que é genro de Derkacheff, foi preso na última segunda,
após investigação da polícia, que
fez o caminho inverso à distribuição de Androcur falso.
Garcia nega ter participado das
negociações sobre a venda do placebo e diz nunca ter visto Élcio.
Porém Élcio diz ter reconhecido
Garcia na delegacia e que ele havia
se apresentado como Fernando
-e não como Ricardo.
A informação sobre destruição
dos placebos coincide com o depoimento do farmacêutico Andrade, que disse à polícia que o diretor havia determinado a eliminação do material.
Derkacheff disse que a empresa
está passando por uma auditoria
interna para verificar eventuais falhas, como, por exemplo, a ausência de notas fiscais nas transações
comerciais entre Garcia e Élcio.
O sócio confirmou informação
da gerente de venda Iraci Rossi
que uma nota fiscal chegou a ser
destruída por determinação da diretoria. "Fizemos isso porque esse
nota se referia aos 100 mil placebos
que destruímos", diz.
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