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Médicos defendem notificação de DSTs
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Especialistas brasileiros reunidos ontem no 2º Congresso Internacional de Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST in Rio 2), defenderam que todas as DSTs passem a ser obrigatoriamente notificadas pelos serviços de saúde.
Hoje, só a sífilis congênita e a
Aids são de notificação obrigatória. Com isso, o Brasil não tem dados confiáveis sobre o número de
pessoas infectadas por DSTs. Nos
EUA, todas as DSTs são de notificação compulsória.
Estudos internacionais já mostraram a relação entre as doenças
sexualmente transmissíveis e o
HIV, vírus da Aids. As DSTs facilitariam a entrada ou saída do HIV
durante uma relação sexual.
"Se eu não sei quantas pessoas
estão doentes, como posso planejar políticas de saúde? É como fazer um orçamento doméstico sem
saber quanto há na conta. Combater as DSTs é uma forma de reduzir o avanço da epidemia de
Aids", disse o presidente do congresso e da Sociedade Brasileira de
DSTs, Mauro Romero.
Na avaliação de Romero, a notificação tem que ser feita não só pelos serviços públicos, mas também pelos serviços particulares.
O representante da Febrasgo
(Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia),
Hugo Miyahira, e o diretor-executivo da Bemfam (Sociedade Civil
Bem-Estar Familiar no Brasil),
Ney Costa, concordaram com a
necessidade de notificação compulsória das DSTs, mas disseram
que a decisão não precisa ser apenas do governo federal.
"Pode ser iniciativa dos Estados
ou municípios", disse Miyahira.
O Ministério da Saúde iniciou,
em março do ano passado, um
programa de vigilância aprimorada (experimental) de DSTs, feito
apenas em algumas unidades de
saúde, mas o projeto está aquém
do esperado.
O ministério planeja cadastrar
cem centros de referência e exigir
deles as notificações de todos os
casos de DSTs.
Eduardo Campos, assessor da
Coordenação Nacional de
DST/Aids, disse que, dos 73 centros cadastrados, só 23 enviaram
as notificações.
Assim, desde o início do programa, os registros são apenas 6.300.
Fábio Moherdaui, também da
Coordenação Nacional de
DST/Aids, disse que um plano de
vigilância universal para as DSTs
só será possível no país quando as
farmácias passarem a exigir receita médica dos clientes.
Por enquanto, disse, o ministério tenta melhorar o atendimento
e concluir a implantação da vigilância aprimorada.
"Hoje, a DST é tratada no balcão da farmácia. Nos EUA a vigilância funciona porque a lei que
obriga a retenção de receita é cumprida", afirmou Moherdaui.
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