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NO INTERIOR
Responsável pela Casa de Detenção na época do massacre de 111 presos, em 92, José Ismael Pedrosa foi morto com seis tiros
Ex-diretor do Carandiru é assassinado em SP
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor da extinta Casa de Detenção (zona norte de São Paulo),
durante o "massacre do Carandiru", José Ismael Pedrosa, 70, foi
morto na tarde de ontem, em
Taubaté (130 km de São Paulo).
Pedrosa morreu por volta das
17h, logo após votar no referendo.
Um Fox prata com quatro ocupantes parou ao lado do seu carro
no trânsito, e os assassinos começaram a atirar. Ele foi alvejado por
seis balas e morreu na hora.
A Secretaria da Segurança Pública não fez comentários sobre o
caso. Em nota, informou apenas
que "a polícia investiga todas as
hipóteses sobre o motivo do crime". Até o fechamento desta edição, ninguém foi preso. Segundo
investigações da polícia, Pedrosa
tinha muitos inimigos na população carcerária por causa do rigor
com que dirigia penitenciárias.
Durante o massacre do Carandiru, 111 presos foram mortos pela polícia, após uma rebelião, em
outubro de 1992, quando ele estava na direção. O episódio ganhou
destaque mundial, e o coronel
Ubiratan Guimarães, hoje deputado estadual, foi condenado pela
Justiça a 632 anos de prisão. Ele
recorreu da decisão e aguarda novo julgamento em liberdade.
Transferido para Taubaté, na
direção da Casa de Custódia, Pedrosa presenciou, segundo investigações da própria polícia, o nascimento da facção criminosa PCC
(Primeiro Comando da Capital),
em agosto de 1993, que reivindicava o fim da linha dura e maus-tratos contra os presos e a desativação da Casa de Custódia, considerada a primeira penitenciária
de segurança máxima de São Paulo com regime disciplinar diferenciado, onde o preso fica isolado
em uma cela por até 22 horas por
dia, sem visita íntima e sem acesso
a jornais e TV. Para a polícia, o diretor era considerado alvo de possíveis atentados do PCC.
Seqüestro
Mesmo sob constantes ameaças, Pedrosa só saiu da direção da
penitenciária, em janeiro de 2003,
quando se aposentou. Em abril de
2001, sua filha, a médica Eulália
Pedrosa Almeida, foi seqüestrada
em Taubaté, na saída de seu consultório. Os criminosos pediam,
em troca de sua libertação, que líderes do PCC saíssem do regime
disciplinar diferenciado e fossem
enviados para outros presídios.
O plano foi frustrado pela polícia, que encontrou o cativeiro, em
São Vicente (litoral de São Paulo),
e prendeu três pessoas. Pedrosa,
na época, chegou a pensar em um
possível afastamento, mas decidiu seguir na direção do presídio.
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