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JOGO ILEGAL
Álvaro Lins é acusado de prevaricação; policiais civis, militares e federais também são alvos dos investigadores
PF investiga chefe da Polícia Civil do Rio
JOSÉ MESSIAS XAVIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A Polícia Federal abrirá inquérito nessa semana para investigar o
envolvimento do chefe da Polícia
Civil do Rio, delegado Álvaro
Lins, com máquinas caça-níqueis
na zona oeste da cidade, principalmente nos bairros de Jacarepaguá e Bangu.
Policiais civis, militares e federais também são alvos dos investigadores. O inquérito será aberto a
pedido do Ministério Público Federal, a partir de denúncias de que
Lins teria praticado o crime de
prevaricação ao deixar de denunciar às autoridades federais a existência de componentes eletrônicos contrabandeados em máquinas da empresa West Games,
apreendidas no início do ano.
Ontem, a Folha tentou entrar
em contato com Álvaro Lins, com
seus assessores diretos e com o
subchefe de Polícia Civil do Rio,
delegado José Renato, através de
telefones celulares fornecidos pela
assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública. Nenhum deles retornou as ligações.
As apreensões de máquinas caça-níqueis na zona oeste do Rio,
determinadas por Álvaro Lins,
ocorreram entre maio e junho
deste ano. Foram apreendidas
pouco mais de 1.000 máquinas da
empresa Ivegê Indústria de Vídeo
Games Ltda. e cerca de 200 da
West Rio Games Ltda.
Os caça-níqueis da West Games
foram devolvidos sem que fossem
investigadas as suas respectivas
DIs (Declaração de Importação)
com os impostos pagos.
A Ivegê pertenceria a Fernando
Iggnácio de Miranda, genro do falecido banqueiro de bicho do Rio
Castor de Andrade, morto em
1996. A West Games seria dos irmãos Rogério e Renato Andrade,
sobrinhos de Castor. Há um ano
os dois grupos lutam pelo controle do jogo em de caça-níqueis em
bares e padarias da zona oeste do
Rio. 12 pessoas já foram morreram no conflito desde 2004.
As investigações da PF apuram
também remessas de milhões de
dólares para o exterior, que teriam sido feitas pela empresa
West Games através de um cartório do Centro do Rio e empresas
de fachada em outros estados e
países, inclusive off-shores no
Uruguai.
As investigações estão sendo
coordenadas pelo delegado Marcelo Nogueira de Souza, da Delegacia Fazendária da PF do Rio.
"Estamos abrindo o inquérito,
seguindo determinação do Ministério Público Federal do Rio", disse o delegado.
Os investigadores federais consideram importante a troca de informações com a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, que, através da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), reuniu elementos para elucidar o envolvimento de policiais com a contravenção na cidade. Pelo menos 15
policiais militares, do batalhão de
Bangu, estão sob investigação da
Draco por conta de um suposto
envolvimento com a empresa de
Rogério e Renato Andrade. Ambos são foragidos da Justiça e têm
condenação por envolvimento na
morte de seu primo, Paulinho
Andrade, assassinado a tiros na
Barra da Tijuca em 2001.
Fitas de vídeo, às quais a Folha
teve acesso, mostram policiais civis do Rio confraternizando em
um bar com membros da segurança da West Games.
Nas imagens, os policiais circulam por uma rua em Bangu e sentam na mesma mesa de Aluízio
Garcia, apontado como o chefe da
segurança da firma de Rogério e
Renato Andrade. Além da Ivegê e
da West Games, policiais federais
e civis entraram na disputa pelo
controle dos caça-níqueis de Bangu, criando uma terceira empresa
e instalando máquinas em bares e
padarias daquele bairro.
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