São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2006

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Entidade ataca "armadilhas" no tráfego aéreo

Associação internacional de operadores de vôo também critica declaração do comandante da Aeronáutica

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A existência de "armadilhas" e problemas estruturais no sistema de controle do tráfego aéreo mantém em alta a probabilidade de novos incidentes ou casos similares à queda do vôo 1907, maior acidente da aviação civil brasileira com 154 mortos.
O alerta foi dado ontem, à Folha, pela Ifatca (Federação Internacional de Associações de Controladores de Tráfego Aéreo, na sigla em inglês). Em dura declaração a ser divulgada hoje, a entidade põe sob suspeita de parcialidade a investigação do acidente conduzida pela Aeronáutica. Também relata graves problemas no design do sistema operado em Brasília e no jato Legacy.
O jato Legacy e o Boeing voavam a 37 mil pés, algo obviamente errado. Um erro que não é facilmente identificável pelas equipes de controladores de Brasília, segundo a Ifatca. Na declaração enviada à Folha, a entidade diz acreditar que controladores e pilotos "se tornaram vítimas de inaceitáveis armadilhas do sistema".
A entidade também critica fortemente os comentários do comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos Bueno, que atribuiu a um controlador de Brasília uma conclusão errada.
"O comandante Bueno não está bem informado e portanto está fazendo declarações incorretas ou apenas parcialmente corretas", assinala o texto.
Em uma espécie de relatório alternativo sobre o acidente, a Ifatca constata que o programa de computador do centro de controle de Brasília registrou erroneamente a altitude do Legacy quando o transponder da aeronave deixou de funcionar.
A entidade internacional também ressalta ter descoberto serem grandes as chances de pilotos desligarem acidentalmente o transponder do Legacy, e com isso desabilitarem o sistema anti-colisão da aeronave. Pior: uma vez desligado o transponder, o sistema anti-colisão continuaria sinalizando perfeito funcionamento, o que dificultaria uma resolução.
A FAA (agência de aviação dos EUA) divulgou recall do transponder usado no Legacy, citando especificamente este modelo no documento que divulgou. A fabricante do equipamento negou que o modelo precisasse do reparo.


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