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Entidade ataca "armadilhas" no tráfego aéreo
Associação internacional de operadores de vôo também critica declaração do comandante da Aeronáutica
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A existência de "armadilhas"
e problemas estruturais no sistema de controle do tráfego aéreo mantém em alta a probabilidade de novos incidentes ou
casos similares à queda do vôo
1907, maior acidente da aviação
civil brasileira com 154 mortos.
O alerta foi dado ontem, à
Folha, pela Ifatca (Federação
Internacional de Associações
de Controladores de Tráfego
Aéreo, na sigla em inglês). Em
dura declaração a ser divulgada
hoje, a entidade põe sob suspeita de parcialidade a investigação do acidente conduzida pela
Aeronáutica. Também relata
graves problemas no design do
sistema operado em Brasília e
no jato Legacy.
O jato Legacy e o Boeing voavam a 37 mil pés, algo obviamente errado. Um erro que não
é facilmente identificável pelas
equipes de controladores de
Brasília, segundo a Ifatca. Na
declaração enviada à Folha, a
entidade diz acreditar que controladores e pilotos "se tornaram vítimas de inaceitáveis armadilhas do sistema".
A entidade também critica
fortemente os comentários do
comandante da Aeronáutica,
Luiz Carlos Bueno, que atribuiu a um controlador de Brasília uma conclusão errada.
"O comandante Bueno não
está bem informado e portanto
está fazendo declarações incorretas ou apenas parcialmente
corretas", assinala o texto.
Em uma espécie de relatório
alternativo sobre o acidente, a
Ifatca constata que o programa
de computador do centro de
controle de Brasília registrou
erroneamente a altitude do Legacy quando o transponder da
aeronave deixou de funcionar.
A entidade internacional
também ressalta ter descoberto serem grandes as chances de
pilotos desligarem acidentalmente o transponder do Legacy, e com isso desabilitarem
o sistema anti-colisão da aeronave. Pior: uma vez desligado o
transponder, o sistema anti-colisão continuaria sinalizando
perfeito funcionamento, o que
dificultaria uma resolução.
A FAA (agência de aviação
dos EUA) divulgou recall do
transponder usado no Legacy,
citando especificamente este
modelo no documento que divulgou. A fabricante do equipamento negou que o modelo
precisasse do reparo.
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