São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MORTE DA MODELO

Walfrido dos Mares Guia, indicado para a pasta de Turismo, foi citado em depoimentos, segundo a Promotoria

Futuro ministro será intimado a depor

LEONARDO WERNER
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O Ministério Público de Minas Gerais vai intimar o deputado federal Walfrido dos Mares Guia, ministro indicado para a pasta de Turismo, o vice-governador mineiro Newton Cardoso e o chefe da Casa Civil do Estado, Henrique Hargreaves, a deporem sobre o caso da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, achada morta em um flat de luxo de Belo Horizonte em agosto de 2000.
Os nomes de Newton e de Hargreaves já tinham sido divulgados anteriormente na lista de pessoas que mantiveram contato com a modelo. Walfrido, do PTB, foi mencionado em depoimentos na semana passada, segundo a assessoria do Ministério Público.
O Ministério Público diz que as pessoas que serão ouvidas não são suspeitas e apenas prestarão esclarecimentos sobre o relacionamento com Cristiana. ""Não há ninguém suspeito [entre os políticos", afirmou o promotor Luiz Carlos Costa.
Será chamada também a mulher do futuro ministro. A Promotoria disse que, em depoimentos, familiares da modelo disseram que ela vinha sendo ameaçada por uma mulher enciumada.
A modelo, diz a família, suspeitava que a mulher seria Sheila Emrich dos Mares Guia, casada com Walfrido.
As informações foram confirmadas pelo promotor Costa ontem. As pessoas serão chamadas para depor em janeiro.
Cristiana foi encontrada nua em um apart-hotel. Suspeita-se que era garota de programa e que mantinha relações com políticos e empresários de Minas Gerais.
No último dia 11, por exemplo, o presidente da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Djalma Bastos de Morais, também foi chamado para depor. Ele alega ter conhecido a modelo por meio do irmão da moça, funcionário da estatal.
O caso foi reaberto há quase dois meses. Inconformada com o desfecho do inquérito da Polícia Civil, que apontou suicídio por envenenamento como causa da morte, a família da modelo levou o caso à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa.
A ação despertou o interesse da Promotoria, que assumiu as investigações. Segundo o advogado da família, Rui Caldas Pimenta, o inquérito sofreu adulteração para não citar pessoas influentes.
A Promotoria informou que um documento que citava Hargreaves, Walfrido e o presidente da Cemig foi alterado. Tratava-se de depoimento do irmão da modelo que citava os políticos como conhecidos dela. A versão entregue à Promotoria omitia os nomes.
Na semana passada, o corpo foi exumado. O perito Roberto Pereira Campos, da Universidade Federal de Minas Gerais, disse ter encontrado indícios de que a moça foi agredida no dia da morte.
Reinaldo Pacífico, ex-namorado da modelo, é considerado o primeiro suspeito. Ele prestou depoimento na semana passada e negou as acusações da família de Cristiana de que era agressivo com ela. A Polícia Civil ainda sustenta a versão de suicídio.


Texto Anterior: Vai faltar dinheiro em 2003, diz prefeita
Próximo Texto: Outro lado: Deputado afirma ser vítima de uma injustiça
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.