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POLÍCIA FEDERAL
Delegado que presidiu inquérito afirma que não houve testemunhas ou provas que indicassem a autoria
Ninguém é indiciado por morte após tortura
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar de o inquérito da Polícia
Federal ter concluído que o auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu foi espancado e torturado no dia 7 de setembro na
Superintendência da PF no Rio,
nenhum policial federal foi indiciado por participação no crime.
Abreu morreu no dia seguinte, vítima de traumatismo craniano.
O delegado federal Paulo Iung,
que presidiu o inquérito, disse
que, mesmo tendo sido comprovada a tortura de Abreu, ninguém
pôde ser indiciado porque não
houve testemunha do espancamento e nem provas técnicas que
permitissem apontar os autores.
Quatro policiais foram indiciados no inquérito por tortura, mas
pelo espancamento de Samuel
Dias de Cerqueira -preso junto
com Abreu-, que sobreviveu e
reconheceu os agressores.
Juntamente com Abreu e Márcio Cerqueira Gomes, Cerqueira
foi preso sob acusação de ter participado do assassinato do policial
federal Gustavo Mayer Moreira.
Na semana passada, a PF informara que quatro policiais foram
indiciados pela tortura de Abreu.
Ao perceber o erro, decidiu convocar uma entrevista coletiva ontem para esclarecer os fatos.
O futuro secretário nacional de
Direitos Humanos, Nilmário Miranda, considerou "absurda" a
conclusão do inquérito. Para ele,
está havendo "um acobertamento" entre os policiais que estavam
de plantão naquele dia.
De acordo com Iung, os presos
disseram ter ficado em celas separadas e que não viram o auxiliar
de cozinha ser espancado. Já os
policiais sustentaram a versão de
que Abreu foi morto após uma
briga com Cerqueira.
O superintendente da PF no
Rio, Marcelo Itagiba, disse que "o
resultado do inquérito não foi o
ideal, mas o possível a ser apurado". Ele afirmou, no entanto, que
caberá ao Ministério Público Federal solicitar novas investigações
sobre o caso, se considerar necessário.
Maranhão
O Ministério Público, a Defensoria Pública do Maranhão e a entidade civil Centro de Justiça Global denunciaram o governo do
Estado à ONU (Organização das
Nações Unidas) pela demora na
apuração de uma denúncia de
tortura de pelo menos 65 presos
ocorrida no dia 24 de novembro.
Procurado ontem por telefone,
o gerente da Segurança Pública,
Raimundo Cutrim, não foi localizado.
Colaborou a Agência Folha
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