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SAÚDE
Doze Estados têm menos vagas em hospitais do que o mínimo recomendado; no país, número absoluto caiu 2,8% desde 1999
Taxa de leitos por habitante cai em todo o país
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
FABIANA CIMIERI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Doze Estados brasileiros oferecem para a sua população menos
leitos do que o indicado pelo Ministério da Saúde. É o que mostra
a Pesquisa de AMS (Assistência
Médico-Sanitária) divulgada ontem pelo IBGE e pelo ministério,
no Rio de Janeiro.
Essa situação piorou. Em 1999, o
número de Estados com menos
leitos do que o indicado era de
apenas seis. No período entre as
duas pesquisas, todas as unidades
da federação apresentaram queda
no número médio de leitos por
mil habitantes.
O Ministério da Saúde estabeleceu neste ano a faixa de 2,5 a 3,0
leitos por mil habitantes como a
recomendada. A média do Brasil,
que é de 2,7, ainda está dentro
dessa faixa, mas vem caindo desde 1992, quando era de 3,6. Em
1999, era de 3,0.
Em todo o país, de 1999 até este
ano, 13,8 mil leitos (2,8%) foram
extintos. A redução foi maior na
rede privada, onde chegou a 17
mil. O setor público apresentou
aumento de 3,2 mil.
A queda no número de leitos é
mais acentuada nos Estados que
tinham maior disponibilidade de
leitos em relação aos habitantes.
Os Estados que registram as
maiores quedas são Goiás, que de
5,16 passou para 3,33, e Rio de Janeiro, que de 5,14 passou para
3,40 leitos por mil habitantes, perdas respectivas de 35,5% e 33,8%.
Boas notícias
Apesar da queda no número de
leitos, a pesquisa apresentou também dados positivos sobre a saúde no Brasil, como o aumento de
44,5% no número de aparelhos de
hemodiálise de 1999 para 2002.
Outro dado positivo é que o número de internações por grupo de
100 habitantes, que foi de 11,6 neste ano, ficou dentro do padrão recomendado pelo ministério, que
estima que pelo menos 7% a 9%
da população teria necessidade de
internações em um ano.
Também aumentou o número
de estabelecimentos que fazem
atendimento ambulatorial (sem
internação), como clínicas, policlínicas e postos de saúde.
O número de estabelecimentos
de saúde no país cresceu 16,4%,
saindo de 56,1 mil em 1999 para
65,3 mil em 2002. A maioria
(71%) desses estabelecimentos,
no entanto, não oferece leitos para internação. Isso explica a queda
na proporção de leitos por habitante no Brasil ao mesmo tempo
em que aumentou o número de
estabelecimentos de saúde.
Esses dados indicam uma mudança, que pode ser encarada como positiva, no perfil dos estabelecimentos, segundo o Ministério
da Saúde e os técnicos do IBGE.
"Está diminuindo, por exemplo, o número de dias de permanência no leito. Além disso, há
procedimentos que até pouco
tempo demandavam internações
e que já não demandam mais",
diz Marco Andreazzi, pesquisador na área de saúde do IBGE.
Interpretação
O ministro da Saúde, Barjas Negri, também cita fatores positivos
que, na sua avaliação, podem estar contribuindo para a diminuição no número de leitos em algumas regiões, como o uso mais racional da estrutura já existente, o
que provoca a extinção de leitos
que estavam ociosos.
Outro dado positivo da pesquisa é o aumento no número de
postos de trabalho médicos. De
1992 a 2002, a pesquisa indica um
aumento de 51,3%. De 1999 para
este ano, a variação foi de 10%.
A pesquisa AMS foi divulgada
pelo IBGE pela primeira vez em
1976. Desde então, foi feita anualmente até 1992, quando foi interrompida até 1999. A partir de convênio feito pelo Ministério da
Saúde, a pesquisa voltou a ser feita
com uma periodicidade bienal.
Para os pesquisadores responsáveis pelo estudo, o levantamento é um importante instrumento
de diagnóstico do sistema de saúde público e privado do país.
Metodologia
Entre os aspectos analisados pela pesquisa estão a localização do
estabelecimento, a identificação
da entidade mantenedora, a instalação física, a capacidade das
instalações, os serviços prestados
e a qualificação dos recursos humanos e equipamentos.
Dos 5.561 municípios do país,
apenas 97 não têm estabelecimentos de saúde. Por outro lado, 2.006
não têm nenhum estabelecimento de internação.
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