São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 2002

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Para médicos do Amazonas, falta investimento

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Médicos amazonenses apontam a falta de investimentos no tratamento secundário, que são as cirurgias em hospitais, e a prioridade para o atendimento emergencial como causa da deficiência de leitos no Amazonas (1,59 por mil habitantes).
Segundo o Sindicato dos Médicos, o governo do Amazonas priorizou no projeto de revitalização da saúde (que entre 2001 e 2002 gastou R$ 600 milhões) o atendimento de emergência. Só em Manaus há dois prontos-socorros para adultos e três para crianças. Para internações como resultado de cirurgias, a população que precisa da rede pública estadual segue para os hospitais Francisca Mendes, que tem cerca de 180 leitos e não foi integrado ao SUS, e Adriano Jorge -com 300-, que está em reformas.
O presidente do sindicato, o médico Edson Ramos, diz que há desativação de hospitais no interior, onde unidades passaram por reformas, mas em cerca de 31 as obras estariam inacabadas. "O Amazonas tem uma deformidade no sistema de saúde porque foi montado em cima das unidades de emergência, que já funcionam razoavelmente. Resultado: nós não temos leitos", disse Ramos.
A Agência Folha procurou a Secretaria Estadual de Saúde, mas até a conclusão desta edição não houve respostas às perguntas enviadas para a sua assessoria.
Com o Adriano Jorge, considerado o maior complexo de cirurgias no Estado, fechado, a população procura internação no Hospital Getúlio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas, que tem apenas 200 leitos. Mais de 400 pessoas estão na fila de internação, sendo 200 para fazer cirurgias de hérnia e 170 para vesícula. "O Getúlio Vargas não dá conta da demanda. O atendimento secundário é muito precário no Estado", disse Jorge Medonça, vice-diretor do Getúlio Vargas. "Isso sobrecarregou o atendimento secundário porque o governo não investiu adequadamente. Direcionou a saúde de uma forma equivocada", afirmou.


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