São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 2002

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GOVERNO PETISTA

Futuro ministro quer manter atuais programas e ampliar o Enem, com uma prova em cada ano do ensino médio

Dar continuidade é "privilégio", diz Buarque

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em vez da "mudança", a "continuidade". O futuro ministro da Educação, Cristovam Buarque (PT-DF), afirmou ontem que não pretende interromper nenhum projeto da pasta. Após reunião com o atual ministro, Paulo Renato Souza, Buarque disse que é um "privilégio" complementar o trabalho realizado nos últimos oito anos na área.
"É um privilégio poder dar continuidade a esse trabalho dentro das linhas que serão definidas agora pelo presidente Lula", disse o petista.
As diferenças entre a política educacional praticada hoje e a do próximo governo, segundo o futuro ministro, são apenas de "enfoque, de velocidade, de programas, de métodos".

Universidades federais
Um dos exemplos citados por Buarque foi o acesso às universidades federais. Antes da gestão de Paulo Renato, a legislação dizia que o ingresso no ensino superior deveria acontecer mediante vestibular. Agora, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) fala em processo seletivo. A idéia de Buarque é ampliar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), aplicando uma prova ao final de cada ano do ensino médio. As notas poderiam ser aproveitadas na seleção para as universidades. O custo para o projeto ainda não está definido. Segundo a secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães, seria preciso pelo menos o triplo dos R$ 27 milhões gastos neste ano.
"Talvez até um pouco mais", segundo Buarque, porque o número de alunos no primeiro ano do ensino médio é maior do que nos demais.
O projeto se baseia no PAS (Programa de Avaliação Serial) que foi implantado na UnB (Universidade de Brasília). O primeiro exame foi aplicado no fim de 95.
Buarque sofreu um revés nos últimos meses, após defender que o ensino superior fosse transferido para o Ministério da Ciência e Tecnologia. O PT e o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, afastaram a possibilidade de concretizar a proposta.
Por isso, Buarque não quis adiantar novas propostas para a área, deixando claro que a decisão final caberá ao futuro presidente. O programa de governo apresentado na campanha deverá ser mantido.
"A partir de agora, não são as idéias de um professor o que vale. O que vale é a política de um governo, aí eu tenho que ter o aval do presidente. E até dos outros ministros."

Time
Buarque disse que faz parte de um time e que os objetivos do grupo não se limitam à qualidade da educação no país, englobando também a melhoria das estradas, atenção à área da saúde e manutenção da estabilidade da moeda.
"Não vou chegar com uma lista pedindo dinheiro ao novo presidente, ao novo ministro da Fazenda. Vamos começar tentando resolver as coisas com os recursos que existem e buscando dinheiro em outras fontes", disse.


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