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GOVERNO PETISTA
Futuro ministro quer manter atuais programas e ampliar o Enem, com uma prova em cada ano do ensino médio
Dar continuidade é "privilégio", diz Buarque
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em vez da "mudança", a "continuidade". O futuro ministro da
Educação, Cristovam Buarque
(PT-DF), afirmou ontem que não
pretende interromper nenhum
projeto da pasta. Após reunião
com o atual ministro, Paulo Renato Souza, Buarque disse que é um
"privilégio" complementar o trabalho realizado nos últimos oito
anos na área.
"É um privilégio poder dar continuidade a esse trabalho dentro
das linhas que serão definidas
agora pelo presidente Lula", disse
o petista.
As diferenças entre a política
educacional praticada hoje e a do
próximo governo, segundo o futuro ministro, são apenas de "enfoque, de velocidade, de programas, de métodos".
Universidades federais
Um dos exemplos citados por
Buarque foi o acesso às universidades federais. Antes da gestão de
Paulo Renato, a legislação dizia
que o ingresso no ensino superior
deveria acontecer mediante vestibular. Agora, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) fala em processo
seletivo. A idéia de Buarque é ampliar o Enem (Exame Nacional do
Ensino Médio), aplicando uma
prova ao final de cada ano do ensino médio. As notas poderiam
ser aproveitadas na seleção para
as universidades.
O custo para o projeto ainda não
está definido. Segundo a secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães, seria preciso pelo
menos o triplo dos R$ 27 milhões
gastos neste ano.
"Talvez até um pouco mais", segundo Buarque, porque o número de alunos no primeiro ano do
ensino médio é maior do que nos
demais.
O projeto se baseia no PAS
(Programa de Avaliação Serial)
que foi implantado na UnB (Universidade de Brasília). O primeiro
exame foi aplicado no fim de 95.
Buarque sofreu um revés nos últimos meses, após defender que o
ensino superior fosse transferido
para o Ministério da Ciência e
Tecnologia. O PT e o presidente
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva,
afastaram a possibilidade de concretizar a proposta.
Por isso, Buarque não quis
adiantar novas propostas para a
área, deixando claro que a decisão
final caberá ao futuro presidente.
O programa de governo apresentado na campanha deverá ser
mantido.
"A partir de agora, não são as
idéias de um professor o que vale.
O que vale é a política de um governo, aí eu tenho que ter o aval
do presidente. E até dos outros
ministros."
Time
Buarque disse que faz parte de
um time e que os objetivos do
grupo não se limitam à qualidade
da educação no país, englobando
também a melhoria das estradas,
atenção à área da saúde e manutenção da estabilidade da moeda.
"Não vou chegar com uma lista
pedindo dinheiro ao novo presidente, ao novo ministro da Fazenda. Vamos começar tentando resolver as coisas com os recursos
que existem e buscando dinheiro
em outras fontes", disse.
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