|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SP 450
Com interesse menor de patrocinadores e projetos vetados, só metade dos dez parques prometidos pela gestão Marta devem ser criados
Meta é abrir quatro parques em 2004
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
ROBERTO PELLIM
DA REDAÇÃO
Até o fim do ano e da gestão
Marta Suplicy (PT), a cidade de
São Paulo deverá ganhar apenas
metade dos dez novos parques
municipais previstos em 2001 pela
administração. Isso num cenário
otimista, caso o cronograma de
entrega de quatro novos parques
em 2004 (dois deles de forma apenas parcial) seja realmente cumprido pela prefeitura.
Embora a ampliação de áreas
verdes seja a principal meta declarada da Secretaria do Verde e do
Meio Ambiente (SVMA) e uma
demanda tanto dos paulistanos
que vivem nas áreas nobres como
na periferia da capital, só um parque foi realmente entregue à comunidade até agora, o Chácara
das Flores, na Vila Curuçá (zona
leste), em setembro de 2002.
Com 42 mil m2, ele foi o primeiro parque municipal a ser aberto
ao público desde 1995.
Caso a promessa oficial seja
cumprida e outros quatro parques sejam entregues, a cidade
deve ganhar por volta de 435 mil
m2 de área verde -o que equivale
a quase 30% da área do parque
Ibirapuera (o mais freqüentado
da cidade, na zona sul).
Os que ficarão no papel, por sua
vez, significam menos cerca de
400 mil m2 de árvores e opções de
lazer para a população -área um
pouco maior do que o triplo do
parque da Aclimação (que está
entre os campeões de visitas, também na zona sul da cidade).
O aumento de vegetação numa
selva de pedra como São Paulo
significa não apenas benefícios
ambientais e para a qualidade de
vida da população em geral. Os
parques municipais representam
ainda uma importante alternativa
de diversão gratuita, especialmente em áreas de baixa renda,
onde o tempo livre é passado em
frente à TV ou, pior, dedicado a
crimes, ao consumo e ao tráfico
de drogas, afirmam especialistas.
Na "contabilidade verde" final,
importam, assim, tanto a extensão total das áreas quanto o número delas e sua disposição numa
cidade desigual, onde o morador
do Morumbi (zona oeste) tem
quase o triplo de árvores do que
vive no Jardim Ângela (zona sul),
e quem vive na Vila Curuçá tem
menos de um décimo da vegetação do morador do Alto de Pinheiros (zona oeste), segundo o
Atlas Ambiental do município,
elaborado pela prefeitura.
Parcerias e compensações
A principal justificativa da
SVMA para o não-cumprimento
da meta de novos parques é a falta
de recursos para executar os projetos e as obras necessárias.
Segundo o titular da pasta,
Adriano Diogo, as parcerias com
a iniciativa privada, base em que
se apoiou inicialmente a política
de aumento de áreas verdes, não
foram para a frente. Fora os recursos conseguidos para novos equipamentos em parques existentes
(o teatro e as fontes do Ibirapuera
e o planetário do Carmo, por
exemplo), nada mais foi fechado.
Os motivos para tanto vão desde um interesse menor do que o
esperado por parte dos potenciais
patrocinadores até o fato de que
alguns projetos de empresas não
foram aceitos pela SVMA -porque não atendiam à demanda da
comunidade nem ao que a secretaria entendia ser importante dos
pontos de vista ambiental e de lazer ou porque, pelo investimento,
a forma de publicidade exigida ia
de encontro às normas da prefeitura, diz Simone Malandrino, diretora do Depave (Departamento
de Parques e Áreas Verdes).
Sem dinheiro de fora e sem orçamento -o do ano passado foi
de R$ 77,6 milhões e o deste ano é
de cerca de R$ 66 milhões, sendo
só R$ 4,2 milhões para cadastramento, aquisição e implantação
de áreas verdes e parques-, a secretaria recorreu aos TCAs (Termos de Compensação Ambiental) para arcar com os R$ 7,2 milhões necessários à entrega dos
quatro novos parques.
Os TCAs são compensações pagas por quem derruba árvores na
cidade, seja para a construção civil ou de um corredor de ônibus.
A secretaria determina o local e o
número de árvores que terão de
ser replantadas.
No caso dos novos parques,
houve também a possibilidade de
converter o valor das árvores em
quadras e infra-estrutura administrativa. "Antes, os TCAs eram
usados de forma aleatória. Nós focamos a destinação nas áreas
prioritárias para parques", afirma
Adriano Diogo.
Ele admite que o processo de
criação de parques é demorado,
mas diz estar adotando a estratégia de primeiro decretar as áreas
verdes públicas -para protegê-las de invasão e usos inadequados- e depois ir atrás do dinheiro para fazer obras e plantio.
Segundo o novo cronograma da
prefeitura, em abril devem ser entregues aos moradores dos conjuntos habitacionais de Cidade
Tiradentes (extremo leste) duas
das cinco etapas do parque Vila
do Rodeio -o primeiro anunciado pela atual gestão, em 2001. A
Vila Prudente (também na zona
leste) ganha um parque com o nome do distrito em maio. Em junho, é a vez de Pirituba (extremo
norte), com a inauguração do Jacinto Alberto e de uma das quatro
etapas do Pinheirinho D'Água.
Texto Anterior: Motoboys fazem homenagem a Marta Próximo Texto: Contato com as plantas melhora bairro "árido" Índice
|