São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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SP 450

Com interesse menor de patrocinadores e projetos vetados, só metade dos dez parques prometidos pela gestão Marta devem ser criados

Meta é abrir quatro parques em 2004

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

ROBERTO PELLIM
DA REDAÇÃO

Até o fim do ano e da gestão Marta Suplicy (PT), a cidade de São Paulo deverá ganhar apenas metade dos dez novos parques municipais previstos em 2001 pela administração. Isso num cenário otimista, caso o cronograma de entrega de quatro novos parques em 2004 (dois deles de forma apenas parcial) seja realmente cumprido pela prefeitura.
Embora a ampliação de áreas verdes seja a principal meta declarada da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) e uma demanda tanto dos paulistanos que vivem nas áreas nobres como na periferia da capital, só um parque foi realmente entregue à comunidade até agora, o Chácara das Flores, na Vila Curuçá (zona leste), em setembro de 2002.
Com 42 mil m2, ele foi o primeiro parque municipal a ser aberto ao público desde 1995.
Caso a promessa oficial seja cumprida e outros quatro parques sejam entregues, a cidade deve ganhar por volta de 435 mil m2 de área verde -o que equivale a quase 30% da área do parque Ibirapuera (o mais freqüentado da cidade, na zona sul).
Os que ficarão no papel, por sua vez, significam menos cerca de 400 mil m2 de árvores e opções de lazer para a população -área um pouco maior do que o triplo do parque da Aclimação (que está entre os campeões de visitas, também na zona sul da cidade).
O aumento de vegetação numa selva de pedra como São Paulo significa não apenas benefícios ambientais e para a qualidade de vida da população em geral. Os parques municipais representam ainda uma importante alternativa de diversão gratuita, especialmente em áreas de baixa renda, onde o tempo livre é passado em frente à TV ou, pior, dedicado a crimes, ao consumo e ao tráfico de drogas, afirmam especialistas.
Na "contabilidade verde" final, importam, assim, tanto a extensão total das áreas quanto o número delas e sua disposição numa cidade desigual, onde o morador do Morumbi (zona oeste) tem quase o triplo de árvores do que vive no Jardim Ângela (zona sul), e quem vive na Vila Curuçá tem menos de um décimo da vegetação do morador do Alto de Pinheiros (zona oeste), segundo o Atlas Ambiental do município, elaborado pela prefeitura.

Parcerias e compensações
A principal justificativa da SVMA para o não-cumprimento da meta de novos parques é a falta de recursos para executar os projetos e as obras necessárias.
Segundo o titular da pasta, Adriano Diogo, as parcerias com a iniciativa privada, base em que se apoiou inicialmente a política de aumento de áreas verdes, não foram para a frente. Fora os recursos conseguidos para novos equipamentos em parques existentes (o teatro e as fontes do Ibirapuera e o planetário do Carmo, por exemplo), nada mais foi fechado.
Os motivos para tanto vão desde um interesse menor do que o esperado por parte dos potenciais patrocinadores até o fato de que alguns projetos de empresas não foram aceitos pela SVMA -porque não atendiam à demanda da comunidade nem ao que a secretaria entendia ser importante dos pontos de vista ambiental e de lazer ou porque, pelo investimento, a forma de publicidade exigida ia de encontro às normas da prefeitura, diz Simone Malandrino, diretora do Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes).
Sem dinheiro de fora e sem orçamento -o do ano passado foi de R$ 77,6 milhões e o deste ano é de cerca de R$ 66 milhões, sendo só R$ 4,2 milhões para cadastramento, aquisição e implantação de áreas verdes e parques-, a secretaria recorreu aos TCAs (Termos de Compensação Ambiental) para arcar com os R$ 7,2 milhões necessários à entrega dos quatro novos parques.
Os TCAs são compensações pagas por quem derruba árvores na cidade, seja para a construção civil ou de um corredor de ônibus. A secretaria determina o local e o número de árvores que terão de ser replantadas.
No caso dos novos parques, houve também a possibilidade de converter o valor das árvores em quadras e infra-estrutura administrativa. "Antes, os TCAs eram usados de forma aleatória. Nós focamos a destinação nas áreas prioritárias para parques", afirma Adriano Diogo.
Ele admite que o processo de criação de parques é demorado, mas diz estar adotando a estratégia de primeiro decretar as áreas verdes públicas -para protegê-las de invasão e usos inadequados- e depois ir atrás do dinheiro para fazer obras e plantio.
Segundo o novo cronograma da prefeitura, em abril devem ser entregues aos moradores dos conjuntos habitacionais de Cidade Tiradentes (extremo leste) duas das cinco etapas do parque Vila do Rodeio -o primeiro anunciado pela atual gestão, em 2001. A Vila Prudente (também na zona leste) ganha um parque com o nome do distrito em maio. Em junho, é a vez de Pirituba (extremo norte), com a inauguração do Jacinto Alberto e de uma das quatro etapas do Pinheirinho D'Água.



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