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Analistas divergem sobre papel da USP ao expandir graduação
Universidade é cobrada, especialmente por movimentos sociais, a elevar a cobertura do ensino superior público em SP
Para ex-reitor, USP utilizaria melhor os recursos se "focasse na pesquisa, onde é líder"; massificar graduação ficaria a cargo das Fatecs, diz
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisadores consultados
pela reportagem divergem sobre o papel da USP na expansão
do ensino de graduação.
A universidade é cobrada, especialmente por movimentos
sociais, a elevar a cobertura do
ensino superior público no Estado (são 15% das matrículas,
ante 85% do sistema privado).
"A USP utilizaria melhor os
recursos se focasse na pesquisa,
onde é líder. A massificação da
graduação pode ser feita por
instituições como as Fatecs",
diz o ex-reitor Roberto Lobo.
A universidade recebe percentual fixo da arrecadação de
impostos do Estado. A previsão
neste ano é que chegue a R$ 3
bilhões (duas vezes o orçamento somado das secretarias de
Cultura e Meio Ambiente).
"A questão é o que a USP pretende ser. Ela vem da tradição
de formar profissionais de alto
nível e da pesquisa e pós-graduação. Recentemente, tem incorporando aspectos de universidade de massa, expandido
a graduação, criando cursos
mais aplicados, como os da zona leste. Acho um erro", afirma
Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE e membro do
Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
Já o professor titular da USP
Renato Janine Ribeiro, ex-diretor da Capes (Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior), defende a
expansão. Para a sociedade, diz,
a universidade é uma formadora de graduandos. "Se não aumentar sua graduação, há o risco de diminuir sua legitimidade
política. Mas claro que não pode prejudicar a pesquisa."
O presidente da Adusp (associação dos docentes), Otaviano
Helene, diz ser favorável à expansão na graduação. "Hoje domina a rede privada, que em geral é ruim. Como a universidade pública, na média, é melhor,
precisa ser expandida."
Contestação
Dois especialistas afirmaram
que os dados presentes no
anuário não são suficientes para concluir que há queda na
produção da universidade.
Rogerio Meneghini, especialista em cienciometria (que estuda a produtividade em pesquisa), diz que o ideal é utilizar
o número de trabalhos publicados na base ISI, "um dos sistemas mais confiáveis".
"Mas há uma limitação que a
base capta mais a produção
apenas das ciências básicas, publicadas no exterior."
Já Ribeiro diz que a redução
pode tanto indicar uma "preocupante queda na produção
quanto um empenho em só
considerar as publicações mais
respeitadas da área".
Outros indicadores
Segundo o anuário, o total de
trabalhos publicados caiu de
29,1 mil para 26,2 mil (entre
2003 e 2007). O número de docentes cresceu 9,7%.
Por contrato, os professores
com dedicação exclusiva
(82,2% do total) são obrigados a
fazer pesquisa, além das atividades de ensino. Os salários variam de R$ 3.000 a R$ 9.000.
(FÁBIO TAKAHASHI)
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