São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
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Mulher de vereador processará Maluf por calúnia

da Reportagem Local

O presidente da CPI da máfia, o vereador José Eduardo Cardozo (PT), declarou ontem que o ex-prefeito Paulo Maluf vai ser processado por calúnia e danos morais por sua mulher, a procuradora de Justiça Sandra Jardim.
Em entrevista à Folha na última terça-feira, Maluf levantou suspeita sobre a forma que Cardozo conseguiu um documento do Ministério Público.
O documento tratava do depoimento dado por Silvio Rocha de Oliveira ao MP.
Nele, Rocha dizia ser avô de uma filha ilegítima de Maluf e estar sendo ameaçado pelo vereador Vicente Viscome (sem partido).
Oliveira era apontado como funcionário "intocável" na Administração Regional da Penha e disse à CPI ter conseguido emprego por indicação de Maluf.
"...Certamente ele obteve essas cópias por intermédio da mulher dele, que é promotora e trabalha no gabinete do (Luiz Antônio) Marrey (procurador de Justiça de São Paulo)", acusou Maluf.
"Ele fez afirmações que que minha mulher e eu teríamos cometido crime. Mas não eu precisaria utilizar de expedientes canhestros para obter um depoimento. A CPI tem poder para obter isso na forma da lei", rebateu Cardozo.
O presidente da CPI disse que conseguiu o depoimento de Oliveira por uma página da Internet e apresentou ontem cópia das nove páginas do documento para comprovar o que dizia.
Disse também ter recebido o mesmo depoimento anonimamente em seu gabinete em duas correspondências diferentes.
"Não é dessa forma que ele (Maluf) vai conseguir desqualificar a CPI", declarou o presidente da comissão que investiga na Câmara denúncias de corrupção em órgãos da prefeitura.

Bandidos
Outra frase de Maluf causou uma reação de Cardozo, que diz não pretender processar Maluf agora.
"Não vou entregar minha cabeça a esses bandidos", disse Maluf sobre a CPI na última terça-feira.
"São bandidos os membros da CPI, mas com absoluta imparcialidade", reagiu Cardozo.
Para o vereador Dalton Silvano (PSDB), as declarações do ex-prefeito são "absurdas".
"Quem ele pensa que ele é para fazer uma declaração dessas. Não foi o PT ou o PSDB que envolveu o nome dele (de Maluf) na CPI", disse ontem Silvano durante discursos na tribuna da Câmara.
Silvano afirmou que o PSDB tinha o documento com o depoimento de Oliveira desde outubro do ano passado, durante as eleições para governador.
"O governador (Mário Covas) não quis usar problemas pessoais para ter proveito político e ele vem dizer isso. É absurdo", disse ele durante o discurso.
Nenhum vereador pepebista saiu ontem em defesa de Maluf após o discurso de Silvano.
Ao contrário, o discurso foi seguido de uma nova declaração de Cardozo sobre o incidente envolvendo ele, sua mulher e Maluf.


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