São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IMPEACHMENT
Tese de assessoria jurídica pode reduzir número de votos necessários para processo ir adiante
Comissão diverge na forma de votação

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local


Interpretações jurídicas levantaram ontem pelo menos três desdobramentos diferentes sobre o processo de impeachment que o prefeito Celso Pitta (PTN) sofre na Câmara de São Paulo. Todos os desdobramentos envolvem os passos que a comissão processante que analisa o impeachment deverá adotar após a apresentação de uma defesa do prefeito.
As divergências jurídicas surgem devido à possibilidade de a comissão acatar a defesa e defender o arquivamento do processo em cerca de 20 dias.
Desse risco surgiram cenários a favor e contra o prefeito, a partir das interpretações de um conselheiro da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) e de vereadores governistas e de oposicionistas, inclusive dos que integram a comissão processante, de leis que tratam dos passos do impeachment.

Desdobramento 1
Governistas e oposicionistas defendiam até a semana passada que a defesa pode ser acatada por maioria da comissão processante (sete vereadores). Após essa etapa, havia consenso que a decisão precisaria ser confirmada em plenário por maioria simples (metade mais um voto de um mínimo de 28 vereadores presentes à sessão, no caso de São Paulo).
Se essa tese prevalecer, Pitta precisa conseguir apoio de pelo menos 24 vereadores para se livrar do risco de impeachment, pois a oposição tem garantidos 23 votos contra ele.
A conta é a seguinte: se houver só 47 vereadores em plenário e houver 23 votos contra Pitta, prevalecerá a vontade de 24 parlamentares. Essa votação seria aberta.

Desdobramento 2
O outro desdobramento possível surgiu de uma interpretação da assessoria jurídica da comissão processante e também foi discutida na reunião de ontem.
Para a assessoria, se a defesa de Pitta for acatada, um mínimo de 37 vereadores tem de votar para decidir a questão.
Por essa análise, também seriam precisos 37 votos Pitta se livrar do impeachment, feito matematicamente impossível.
Como a Câmara tem 55 vereadores e 23 votam contra Pitta, não como o prefeitto conseguir os votos necessários para se livrar do processo.

Desdobramento 3
Há ainda uma terceira interpretação, essa do conselheiro designado pela OAB-SP Edson Cosac Bortolai.
"Vamos ter de aguardar um estudo que pedimos à assessoria jurídica para discutir essa questão. Não podemos nos manifestar agora, pois essa comissão corre o risco de gerar alguma nulidade do processo", disse ontem a vereadora Ana Maria Quadros (PSDB), presidente da comissão.
A próxima reunião da comissão será amanhã, quando o assunto voltará a ser discutido.


Texto Anterior: Qualidade: BCP descumpre duas metas da Anatel para telefonia celular
Próximo Texto: Câmara de SP decide hoje a cassação de Maria Helena
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.