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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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VIOLÊNCIA

Suspeita é que boletins tenham sido falsificados

Registros de roubo idênticos levam Corregedoria a investigar policiais

DA REPORTAGEM LOCAL

Boletins de ocorrência sobre roubo de carga praticamente idênticos. Coincidências demais que despertaram a desconfiança da própria polícia e provocaram o afastamento de cinco policiais civis, entre eles um delegado assistente, do 14º DP (Pinheiros), zona oeste de São Paulo, por suspeita de falsificação.
São mais de dez boletins de ocorrência desse tipo na mesma delegacia, só em 2003. A desconfiança é que a carga, oficialmente roubada, tenha sido simplesmente desviada.
Nos boletins de ocorrência, a história é sempre a mesma. O caminhão carregado é roubado em uma região distante do bairro de Pinheiros, mas, inexplicavelmente, o motorista aparece no 14º DP para registrar o caso.
A ação dos ladrões também é muito parecida. O motorista é rendido por dois homens encapuzados e depois libertado -também em uma região distante de Pinheiros. Todas as vítimas têm uma descrição semelhante do crime. O caminhão aparece dias depois, sem a carga supostamente roubada.
"Existe um conjunto de coincidências entre as ocorrências", disse o delegado Dejar Gonçalves Neto, titular da Delegacia Seccional Oeste. Segundo ele, foi a própria delegacia que identificou as "coincidências" na semana passada entre os registros e acionou o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) e a Corregedoria da Polícia Civil.
A despreocupação em mudar as versões dos roubos seria explicada pelo grande número de boletins de ocorrência.
Os policiais foram afastados do 14º DP na última sexta-feira. Seus nomes não foram divulgados pela polícia. Eles foram enviados para outros distritos da capital paulista até que a investigação da Corregedoria seja concluída.
Também não foi informado se os policiais afastados faziam parte da mesma equipe de trabalho. O boletim de ocorrência tem de ter a assinatura de um delegado.
A assessoria da Secretaria da Segurança Pública informou que a Corregedoria não iria falar sobre a investigação. (GILMAR PENTEADO)


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