VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife

A seca já atinge aproximadamente 9,5 milhões de habitantes da zona rural do Nordeste e do semi-árido de Minas Gerais, segundo relatório concluído ontem pela Sudene. O governo federal deve implantar programas de combate à seca a partir do próximo mês que beneficiam apenas 50% desse total de pessoas, informou a Sudene.
A justificativa para isso é que a experiência histórica demonstra que 25% das pessoas das áreas atingidas recebem benefícios do INSS e as outras 25% têm algum tipo de renda que lhes permite sobreviver sem o auxílio emergencial do Estado.
Além disso, ainda pode chover em alguns Estados, o que poderia inverter o quadro crítico hoje existente, diz o relatório.
O detalhamento de como será feita a seleção dos que terão direito ou não aos benefícios deve acontecer na próxima semana.
"Essa medida, se acontecer, só pode ser uma provocação do governo. Na área da seca todo mundo tem barriga e todo mundo está necessitado. Se um ganhar uma cesta básica e outro não, os saques vão continuar ocorrendo", disse Jaime Amorim, coordenador estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Pernambuco.
Na seca de 1993, o percentual de atendidos pelos programas do governo federal foi de 70% das pessoas que viviam na área atingida.
O percentual em 93 foi maior porque a situação era mais grave do que agora, segundo a Sudene.
O secretário de Políticas Regionais, Fernando Catão, disse ontem à Agência Folha, por telefone, de Brasília, que as ações do governo federal para combater a seca devem começar na primeira quinzena de maio. As primeiras medidas serão a distribuição de cestas básicas. No Nordeste, chega a 9,1 milhões o número de pessoas atingidas -mais de 60% da população rural nordestina. No semi-árido de Minas Gerais há mais de 400 mil as pessoas afetadas pela seca.
O estudo, cuja realização foi antecipada pela Folha, foi enviado ontem ao Ministério do Planejamento e à Secretaria de Políticas Regionais.



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