São Paulo, sábado, 25 de abril de 1998

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SEM ÁGUA
General estaria descontente com cortes no orçamento do órgão, que centraliza ações contra a seca no Nordeste
Superintendente da Sudene pede demissão

da Agência Folha, em Recife

O superintendente da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), general reformado Nílton Rodrigues, pediu anteontem, em Brasília, a exoneração do cargo, segundo apurou a Agência Folha.
Ontem ele viajou para Maceió (AL), onde mora a família, e deve retornar a Brasília na próxima segunda-feira, quando deverá oficializar seu pedido de demissão.
Rodrigues estaria descontente com cortes no orçamento da Sudene, que estariam caracterizando um processo de esvaziamento do órgão. O estopim para a sua saída teria sido uma suposta proposta de anistiar dívidas de empresários beneficiados por recursos do Finor (fundo de investimentos para o Nordeste, gerenciado pela Sudene).
Pela sistemática atual do Finor, os empresários cujos projetos recebem apoio do fundo devem pagar 12% do total do investimentos após a realização da obra.
Esse pagamento é feito mensalmente, após um prazo de carência de dois anos.
Segundo cálculos de técnicos da Sudene, a anistia faria com que o órgão deixasse de receber dos empresários a restituição de pelo menos R$ 600 milhões.
Além disso, provocaria conflito também com aqueles empresários que já pagaram os 12% (um total de R$ 242 milhões).
O secretário de Políticas Regionais, Fernando Catão, ao qual o general Rodrigues está diretamente subordinado, foi contatado ontem pela Agência Folha, mas não quis falar sobre o assunto.
O general Rodrigues está na superintendência da Sudene desde janeiro de 1994, no governo Itamar Franco. Ele é indicação do ministro do Exército, Zenildo Lucena. Sua nomeação tinha como intenção moralizar as atividades do órgão.
Centralização
A Sudene deverá centralizar o combate à seca que atinge o Nordeste.
O governo federal vai iniciar no próximo mês a distribuição de cestas básicas na tentativa de impedir que os saques se alastrem pela região. Pelo menos R$ 150 milhões já estão garantidos para a doação dos alimentos.
Segundo o secretário de Políticas Regionais, Fernando Catão, a distribuição deve começar na primeira quinzena de maio. Na opinião de Catão, o governo não demorou para agir contra os efeitos da seca.
Além da distribuição de cestas, o programa contra a seca prevê cinco outras ações.
Entre elas estão a criação de bolsas-escola e frentes em que as pessoas trabalham na construção de obras, distribuição de água por carros-pipa, um crédito específico para os atingidos e a liberação de recursos para obras já previstas.



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