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SEM ÁGUA
General estaria descontente com cortes no orçamento do órgão, que centraliza ações contra a seca no Nordeste
Superintendente da Sudene pede demissão
da Agência Folha, em Recife
O superintendente da Sudene
(Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), general reformado Nílton Rodrigues, pediu
anteontem, em Brasília, a exoneração do cargo, segundo apurou a
Agência Folha.
Ontem ele viajou para Maceió
(AL), onde mora a família, e deve
retornar a Brasília na próxima segunda-feira, quando deverá oficializar seu pedido de demissão.
Rodrigues estaria descontente
com cortes no orçamento da Sudene, que estariam caracterizando
um processo de esvaziamento do
órgão. O estopim para a sua saída
teria sido uma suposta proposta
de anistiar dívidas de empresários
beneficiados por recursos do Finor (fundo de investimentos para
o Nordeste, gerenciado pela Sudene).
Pela sistemática atual do Finor,
os empresários cujos projetos recebem apoio do fundo devem pagar 12% do total do investimentos
após a realização da obra.
Esse pagamento é feito mensalmente, após um prazo de carência
de dois anos.
Segundo cálculos de técnicos da
Sudene, a anistia faria com que o
órgão deixasse de receber dos empresários a restituição de pelo menos R$ 600 milhões.
Além disso, provocaria conflito
também com aqueles empresários
que já pagaram os 12% (um total
de R$ 242 milhões).
O secretário de Políticas Regionais, Fernando Catão, ao qual o
general Rodrigues está diretamente subordinado, foi contatado ontem pela Agência Folha, mas não
quis falar sobre o assunto.
O general Rodrigues está na superintendência da Sudene desde
janeiro de 1994, no governo Itamar Franco. Ele é indicação do ministro do Exército, Zenildo Lucena. Sua nomeação tinha como intenção moralizar as atividades do
órgão.
Centralização
A Sudene deverá centralizar o
combate à seca que atinge o Nordeste.
O governo federal vai iniciar no
próximo mês a distribuição de
cestas básicas na tentativa de impedir que os saques se alastrem
pela região. Pelo menos R$ 150 milhões já estão garantidos para a
doação dos alimentos.
Segundo o secretário de Políticas
Regionais, Fernando Catão, a distribuição deve começar na primeira quinzena de maio. Na opinião
de Catão, o governo não demorou
para agir contra os efeitos da seca.
Além da distribuição de cestas, o
programa contra a seca prevê cinco outras ações.
Entre elas estão a criação de bolsas-escola e frentes em que as pessoas trabalham na construção de
obras, distribuição de água por
carros-pipa, um crédito específico
para os atingidos e a liberação de
recursos para obras já previstas.
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