São Paulo, sábado, 25 de abril de 1998

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Professor rejeita proposta e mantém greve

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

Após ouvir as mudanças sugeridas ontem pelo MEC para o Programa de Incentivo à Docência, a presidente do sindicato dos professores universitários, Maria Cristina de Moraes, disse que a greve continua. O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, afirmou que não vai negociar reajuste salarial. Ele propôs, no entanto, modificações que farão com que o PID (Programa de Incentivo à Docência) atinja 90% dos professores na ativa nas instituições federais de ensino superior.
"A greve continua crescendo, forte e com possibilidade de se ampliar mais ainda. A proposta do movimento é a retirada desse programa, porque o objetivo do governo, com ele, é dar reajustes diferenciados e excluir os aposentados'', afirmou Maria Cristina, que é presidente da Andes.
Os professores das instituições federais de ensino superior estão em greve há 25 dias. Eles reivindicam, principalmente, reajuste salarial linear de 48,65% (incluindo inativos) e retirada do PID. Maria Cristina estava entre os cerca de 50 grevistas que protestaram ontem, em frente ao MEC, durante a reunião do ministro com os reitores, representados pela Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior).
''Quando me reuni pela primeira vez com os professores, recebi um calendário de radicalizações e paralisações. Espero que haja bom senso'', afirmou o ministro. Paulo Renato espera que o movimento grevista pare porque está disposto a "acatar as sugestões das universidades''.
Pela proposta original do PID, seriam distribuídas bolsas de R$ 400, R$ 750 e R$ 1.100 para professores com especialização, mestrado e doutorado com dedicação exclusiva à universidade e que dessem no mínimo dez horas de aula na graduação. Assim, poderiam se candidatar e receber as bolsas 45% dos professores das federais.
Com as mudanças elaboradas pelo MEC a partir de sugestões das universidades federais de Minas e do Rio de Janeiro, cai a exigência da dedicação exclusiva e da titulação. Professores com regime de 40 horas e também alguns casos de 20 horas poderiam se candidatar.
É criada uma bolsa de R$ 250 para professores só com a formação de graduação. Os professores beneficiados são obrigados a dar aula na graduação, mas também cai a exigência de dez horas. O valor total do programa continua sendo de R$ 162 milhões. O presidente da Andifes, José Ivonildo do Rego, disse que a proposta indica vontade do MEC de encontrar soluções, mesmo que provisórias, para a questão salarial, mas não resolve o problema definitivamente.



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