São Paulo, sábado, 25 de abril de 1998

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Programa para PMs fica mais rigoroso

CRISPIM ALVES
da Reportagem Local

O recente aumento no número de civis mortos pela Polícia Militar obrigou o comando da corporação a tornar mais rigoroso o Proar (Programa de Acompanhamento de Policiais Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco).
O programa, inicialmente desenvolvido na área abrangida pelo CPM (Comando de Policiamento Metropolitano), foi criado em 95 justamente para diminuir o número de pessoas mortas pela PM, o que acabou ocorrendo à época.
No início, todo policial militar envolvido em uma ocorrência com morte era afastado por seis meses de sua unidade.
Durante esse período, ele passava por uma reciclagem, na qual recebia acompanhamento psicológico, e fazia apenas policiamento a pé, onde as chances de ocorrer um confronto são menores.
O programa recebeu muita resistência dentro da corporação, pois era encarado pelos policiais como uma espécie de castigo.
Como o número de civis mortos diminuiu, e também por causa da pressão, a PM resolveu flexibilizar o Proar em janeiro do ano passado, quando o período de afastamento diminuiu para apenas 45 dias. Além dessa mudança, o programa foi estendido para todas as unidades da tropa no Estado.
No entanto, dados da Ouvidoria da Polícia divulgados no início deste mês mostraram que a violência policial havia aumentado muito. Segundo o relatório, pelo menos 96 civis foram mortos pela PM no primeiro trimestre deste ano em todo o Estado.
As mortes são relativas a 76 denúncias. No mesmo período do ano passado, quando não era computado o número de mortos, a ouvidoria tinha recebido 17 denúncias. Ou seja, um crescimento de 347% no número de casos.
Por causa desse aumento, o comandante-geral da PM, coronel Carlos Alberto de Camargo, foi chamado para uma reunião pelo secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, que cobrou medidas para mudar o quadro.
Na semana passada, Camargo determinou mudanças nas regras do Proar, que ficou muito mais rígido. Agora, segundo o setor de relações públicas da PM, todo policial militar que se envolver em uma ocorrência com morte será afastado de sua unidade por um período de seis meses e meio.
Os primeiros 45 dias serão destinados ao acompanhamento psicológico. Nos outros cinco meses, o PM fará policiamento a pé. As novas regras valem para todas as unidades da corporação no Estado.
"O comandante-geral mudou o Proar para verificar se isso era uma das causas do eventual aumento de violência por parte da polícia", afirmou Luiz Antonio Alves de Souza, secretário-adjunto da Segurança.



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