São Paulo, Domingo, 25 de Abril de 1999
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SAÚDE
Fique livre de gripe e alergia neste outono

JAIRO BOUER
especial para a Folha

Com o mau tempo dos últimos dias e a temperatura começando a baixar, num clima tipicamente de outono, confirma-se a regra de todos os anos: o surgimento de um número muito maior de pessoas com dificuldade de respirar.
Os grandes vilões dessas épocas do ano são as infecções e as alergias respiratórias.
As temperaturas mais baixas e o maior confinamento em ambientes fechados e pouco arejados favorecem o aumento dos casos de gripes, resfriados e outras variedades de infecções virais.
O aumento dos índices de poluição atmosférica (pela maior dificuldade de dispersão dos poluentes), as variações abruptas de temperatura ao longo do dia, a saída do armário de casacos e cobertores empoeirados e as próprias infecções virais detonam os mecanismos que levam a crises de rinite alérgica e de asma.
O alergista Fabio Morato Castro, médico do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) e diretor da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia, afirma que os casos de alergia respiratória têm um aumento de quase 50% nessa época do ano.
"De cada dez pacientes que procuram o consultório, sete têm um problema de rinite ou asma", diz o alergista.

Qualidade de vida
As crises respiratórias interferem diretamente na qualidade de vida e no dia-a-dia das pessoas alérgicas. A rinite -que provoca uma congestão importante e dificulta a respiração pelo nariz- faz com que as pessoas sejam obrigadas a respirar muito mais pela boca.
Esse padrão de respiração prejudica o sono e o repouso. Como consequência, no dia seguinte, as pessoas acordam mais cansadas, irritadas, com dificuldade de concentração e com uma queda importante no seu rendimento na escola ou no trabalho.
A asma leva a crises de falta de ar que fazem, muitas vezes, com que a pessoa tenha que passar noites ou madrugadas acordadas, tomando medicações ou procurando ajuda em prontos-socorros e hospitais.
Muitos remédios utilizados para combater as crises de alergia, no "calor" das dificuldades respiratórias e da falta de ar, têm efeitos colaterais desagradáveis, como a sonolência, que também interferem na vida das pessoas alérgicas.
O alergista Castro sugere algumas medidas que podem evitar o desencadeamento de crises de asma e rinite.
Aproveitar os dias ainda mais quentes para lavar cobertores e casacos e diminuir o pó que existe neles é a primeira delas.
Evitar substâncias irritantes e poluentes, como o cigarro, no ambiente de trabalho ou em casa, é outra providência sensata.

Combate ao ácaro
O controle ambiental também é importante: usar substâncias acaricidas, aquelas que destroem os ácaros -microorganismos que vivem no pó e que são os principais responsáveis pelas alergias-, pode melhorar a respiração.
Outras providências simples recomendadas são cobrir travesseiros e colchões com tecidos especiais (que dificultam a passagem de pó), aspirar bem a casa com aparelhos que têm um filtro especial, usar desumidificadores (que evitam umidade e bolor em casa), evitar carpete, tapete, cortinas e bichos de pelúcia dentro do lar e deixar animais domésticos, como cães e gatos, fora de casa.

Vacina
A vacina contra gripe, que deve ser aplicada, preferencialmente, neste mês e no próximo, pode evitar uma infecção respiratória importante e, por tabela, diminuir os quadros alérgicos respiratórios que poderiam aparecer em função dessa gripe.
Uma visita ao médico antes do problema aparecer é uma estratégia importante.
Se o médico já sabe que a pessoa piora todos os anos quando chega o outono e o inverno, ele pode optar por medicamentos que previnam as crises.
Com isso, existe a opção do uso de remédios que provoquem menos efeitos indesejáveis e que não interfiram na qualidade de vida e no dia-a-dia das pessoas alérgicas.
Fazer alguns exercícios respiratórios, como os que são sugeridos nesta página, também podem ser úteis para conseguir respirar melhor neste outono.


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