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Resistência política ameaça CPI na Assembléia
RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local
A criação de uma nova CPI para
investigar corrupção na administração da cidade de São Paulo, desta vez na Assembléia Legislativa,
idéia que foi cogitada pela primeira vez na última sexta-feira, já está
ameaçada.
A primeira ameaça é a resistência
dos grupos políticos contrários à
investigação em âmbito estadual,
para quem a nova CPI seria um
"palanque político para o PT". Isso
porque, pelas regras da Assembléia, o deputado petista Elói Pietá,
autor do pedido, seria o presidente
da comissão.
Um dos maiores opositores à
idéia, o PTB, deve pedir hoje, na
reunião das lideranças de partidos,
que se abra uma discussão sobre o
assunto, o que deve atrasar o processo em pelo menos cinco dias.
"Vou propor uma data para discutir todos os pedidos de CPI existentes na Assembléia. Por que vamos abrir essa, e não outra?", diz
Campos Machado, líder do PTB.
Mas a CPI também enfrenta obstáculos de ordem legal.
Advogados especializados em direito administrativo e constitucional ouvidos pela Folha divergem
quanto à possibilidade de o Legislativo estadual investigar a administração municipal.
Para o advogado Carlos Ari
Sundfeld, há jurisprudência contra
essa intenção de Pietá.
"Há um problema de competência. A Assembléia não pode criar
CPI sobre administração federal
nem municipal."
O papel de uma CPI da Assembléia, segundo ele, é investigar irregularidades administrativas na
gestão estadual.
Por seu raciocínio, esse desvio de
origem impossibilitaria a convocação de vereadores. "Os convocados podem se negar a ir e receber
apoio da Justiça para isso."
Opinião diferente tem o advogado Celso Bastos, especializado em
direito constitucional. Segundo
ele, a jurisprudência é a favor do
modelo de CPI proposto na Assembléia.
"Os fatos (a serem investigados)
são amplos, envolvendo coisas que
transcendem o interesse municipal. Muitas vezes interessa ao Estado também", disse Bastos.
O advogado acredita que a CPI
terá força para convocar vereadores, secretários municipais e até o
prefeito Celso Pitta. "Desde que o
convocado tenha afinidade ao objeto de investigação."
Polêmicas jurídicas à parte, o
apoio à investigação alcançou ontem os 32 votos necessários à apresentação do pedido de CPI. Agora
a proposta precisa de 48 votos em
plenário para ser criada.
Divididas entre partidos, as assinaturas vieram em sua maior parte
do PT (13) e do PSDB (7) e PDT (7).
Mas a proposta também teve votos
de deputados de partidos que negaram a prorrogação da CPI na
Câmara, como PFL (1) e PL (1).
Na Câmara, a proposta foi vista
com desconfiança pelos vereadores que apóiam o prefeito Celso
Pitta e que votaram a favor do fim
da CPI em 12 de junho.
"Qual é o interesse, agora, de todo mundo atirar no vereador? É
porque tem eleição no ano que
vem.", diz Paulo Frange, recém-alçado a líder do PPB na Câmara.
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